

O jardim do Museu do Ipiranga foi projetado no início do século XX e serviu de inspiração para a obra do espanhol Salinas Y Tureal (1869- 1923) , chamada de Festa Escolar no Museu do Ipiranga. A tela de 1912, se encontra na Pinacoteca do Estado. Vale a pena conferir!
Imagem: Arquivo/Nara
Há dez dias, fui na estréia do filme “Meu Nome Não É Johnny”, com direção de Mauro Lima, e atuações brilhantes de Selton Mello, Júlia Lemertz, Cássia Kiss e Cléo Pires. Baseado no livro homônimo de Guilherme Fiúza, o longa-metragem retrata de forma divertida a história de João Guilherme Estrella, um jovem da classe média-alta carioca que, seduzido pelo mundo das drogas, torna-se um dos maiores traficantes de cocaína nos anos 90.
Peraí...Um filme divertido baseado na vida de um traficante de cocaína?
Isso mesmo. Acalme-se, isso não é um disparate. Muito pelo contrário, o diretor Mauro Lima e a produtora Mariza Leão, trazem um roteiro repleto de cenas engaçadas, gírias e diálogos que poderiam estar em qualquer episódio de uma dessas séries roteirizadas pela Fernanda Young, que o Selton interpreta na Tv Globo.
Aliás, João Estrella é um verdadeiro “aspone”, um cara que ‘não faz nada da vida, mas é muito bom naquilo que faz’: um jovem rico, popular e com um bom-humor contagiante. Filho único, mimado pelos pais e adorado pelos amigos, João só quer saber de curtição em festinhas animadas com cocaína, álcool e rock and roll. Para retratar esta postura da juventude inconseqüente, as cenas são embaladas com uma trilha sonora empolgante, trazendo ícones como Titãs, Lobão e muito rock nacional.
E são nos acordes descompassados de uma vida desregrada que João, um rapaz que nunca soube o que é limite, portanto, não distingue ao certo o que é dentro e fora da lei, assume uma rotina hedonista que o leva do papel de um jovem usuário ao de um poderoso traficante. Quando se dá conta ele já está com uma lista de clientes de dar inveja aos maiores “barões do trafico dos morros cariocas”.
Sem apologias ou moralismos, o filme traz a glória e a derrocada de João, que é preso com seis quilos de cocaína e condenado a cumprir dois anos de internação em um manicômio judicial. Apesar da delicada historia da trama, o filme não tem a pretensão de julgar os atos de um traficante baseando-se nas posturas condenáveis perante a moral e a lei, pelo contrário, consegue abordar com realismo, tanto os momentos de euforia, das festas e viagens ao Velho Continente, quanto os anos de sofrimento de João pagando o preço da inconseqüência.
A narrativa bonachona, sempre marcada com um humor sagaz e um sarcasmo cativante, conquista e comove o público, humanizando a vida de João com a notável interpretação de Selton Mello, e faz com que Meu Nome Não É Johnny seja muito mais do que um filme com um roteiro divertido, fotografia pop, trilha sonora animada e diálogos sagazes.
Na telona, a saga johnnysíaca convida o público à reflexão sobre a questão das drogas, da juventude, e acima de tudo, chama atenção para as escolhas que fazemos, ou deixamos de fazer ( o que não deixa de ser uma escolha). “O tempo é uma raposa, meu filho! Quando você vê já te levou tudo.”, avisa o pai de João Estrella em uma das cenas. Tal conselho, que pode ser aplicado à vida de qualquer um, resume a proposta do filme, trazendo à tona a delicada relação que temos entre nossos atos e a conseqüências deles, instigando a reflexão particular sobre nossas posturas e responsabilidades e, como só o cinema consegue fazer, divertindo de maneira contagiante e perspicaz.
ComTato recomendado
Blog do João. Aqui a “Estrella (de)cadente” do João fica presente só nas telas. No blog, ele conta sua história atual.
Na telona
Meu Nome Não é Johnny
Elenco: Selton Mello, Cléo Pires, Júlia Lemmertz, Cássia Kiss, André de Biase, Rafaela Mandelli, Eva Todor, Luis Miranda.
Direção: Mauro Lima - Produção: Mariza Leão
Fotografia: Ulrich Burtin - Trilha Sonora: Marcos Tommaso
Na estante
Meu Nome Não é Johnny
Autor: Guilerme Fiúza. - Editora: Record - Ano: 2007
Edição: 1 - Número de páginas: 336
Faço minha estréia neste espaço virtual chamando a atenção para um depoimento de uma das figuras mais conhecidas no cenário musical brasileiro.
Falo de Antônio José Santana Martins. Um compositor, cantor, arranjador e ator brasileiro.
Apresentado assim quase ninguém deve ligar o nome a pessoa, mas falo de Tom Zé, considerado um dos artistas mais originais da Música Popular Brasileira.
Esse baiano de Irará sempre com novidades inesperadas, me surpreende agora falando sobre o funk carioca e sua complexidade musical. Vale a pena ver como ele discorre sobre o polêmico gênero que surgiu no Rio de Janeiro e ganhou força nacional na batida de “to ficando atoladinha”, além de citar teorias de Adolphe Appia sobre o teatro e de como ele aproveita essas informações para seu novo trabalho. Segundo Tom Zé, o funk surgiu para substituir o Papa Bento XVI, Caetano Veloso, Gilberto Gil e ele próprio. Confirmando que o gênero visto com tanto preconceito lhe serviu até de inspiração.
Devo confessar que não sou adepta do funk, mas não posso negar que depois deste vídeo Tom Zé como sua própria composição diz, me confundiu, talvez seja para me esclarecer.