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sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Dicas dos Twitteres para o Fim de Semana!

Tá procurando o que fazer no feriadão? Veio ao lugar certo. No ComTatos, abrimos espaço para você montar a programação cultural para o Fim de Semana. Sendo assim, vamos às dicas.

Lembrando que clicando na imagem você será direcionado para a página do Twitter que deu a dica e logo abaixo você encontrará um link com mais informações sobre o evento.































Se você quiser mandar a sua dica, siga o @comtatos e sexta-feira que vem mande pra gente.

Agradecemos aos que colaboraram com dicas.

Um ótimo final de semana prolongado!

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

O florescer da maldade



Quantos filmes suecos você conhece? De quantos filmes suecos você já ouviu falar? Se a sua resposta é nenhum, que tal começar por uma obra que teve ótima repercussão e foi indicada ao Oscar de melhor filme estrangeiro no ano de 2004?

Trata-se de Evil, traduzido para o português como Raízes do Mal, e neste caso o título, realmente, faz jus ao enredo, já que o filme retrata aquilo que têm o poder de formar o caráter de uma pessoa, neste caso negativamente. A minha discussão aqui levanta o seguinte: Será que algo que aconteceu durante a sua formação pode mudar a sua forma de agir para o resto da vida? Pois bem, vamos aos fatos:

Você pode imaginar o que é ser humilhado, torturado e injustiçado, mas Erik, de 16 anos, viveu na própria pele tudo isso. Sua mãe, amedrontada, não adotou uma postura firme ao ver seu filho ser castigado pelo atual marido, o que era uma atitude comum na década de 50. Desde então, de alguma forma isso passou a agir na formação do rapaz, tornando Erik um rapaz violento, refletindo, como um espelho, as agressões que sofreu. A expulsão da escola onde estudava, fez com que ele fosse transferido para um colégio de renome, Stjärnberg. Porém, durante o filme, fica claro que a aristocracia da instituição, com seus alunos de origem mais nobre, tem o poder nas mãos e o usa a seu bel-prazer para garantir um falso sentimento de ordem.

Erik é aplicado, realmente um bom aluno, principalmente quando o assunto é natação, esporte que domina com facilidade. Porém, seu currículo mostra que bom comportamento não é o forte e, se antes não costumava baixar a cabeça para certas imposições, na escola isso não seria diferente. O importante é que ele encontra por lá um amigo – Pierre - e um amor – Maria - fatores que não eram comuns na vida do garoto. Diante de tantos influentes, Erik é colocado à prova a cada instante, mesmo tendo como objetivo a mudança dos rumos de sua história, porém tudo parece seguir para o mesmo ciclo vicioso e violento na qual fora inserido.

O filme traz um roteiro muito bem adaptado do best-seller Evil, de Jan Guillou, que, pasme! – trata-se de uma história autobiográfica. A ótima atuação por parte de Andreas Wilson (Erik) conduz de forma exemplar o ritmo do filme. E por falar em ritmo, a trilha sonora é muito bem balanceada, em um determinado momento me lembrou Os Intocáveis (Untouchables, The, 1987 – Brian De Palma). A fotografia é cuidadosamente bem executada, com um elegante ar cinquentista. A película, como um todo, é muito bem produzida e dirigida e foi indicada com louvor ao prêmio da estatueta dourada.

Agora, se você ficou curioso e quer saber mais sobre a influência das condutas alheias em nossa personalidade, além de conhecer a história de Erik, eis aqui uma boa oportunidade para mudar as respostas negativas às perguntas do início deste texto.

Evil - Raízes do Mal (2003)
Título original: Ondskan
Direção: Mikael Håfström

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Doce vingança




No início da ocupação alemã na França, Shosanna Dreyfus testemunha a execução de sua família pelo coronel nazista Hans Landa. Ela consegue escapar e foge para Paris, muda de nome e vira dona de um pequeno cinema. Em outro lugar do continente, o tenente Aldo Raine organiza um grupo de soldados judeus americanos para colocar em prática um plano de vingança. Posteriormente conhecido pelos alemães como os "Os Bastardos", o grupo se junta à atriz alemã e à agente secreta Bridget Von Hammersmark em uma missão para eliminar os líderes do Terceiro Reich. Por força do destino, todos se encontram no mesmo cinema em que Shosanna tramou um plano de vingança próprio.

Esta é a sinopse de “Bastardos Inglórios”, o novo filme de Quentin Tarantino, estrelado por Brad Pitt. O longa já arrecadou US$ 245 milhões nas bilheterias desde seu lançamento, em agosto, e ganhará as telas brasileiras nesta sexta-feira. Não vi o filme. Mas é justamente este o sentido deste post – a expectativa.

Assim como em Kill Bill 1 e Kill Bill 2 , Bastardos tem uma trilha sonora ótima, ostentando as estrelas de Isaac Hayes e de Ennio Morricone. Pô, até o Ed Motta queria ter uma trilha sonora com a participação de Morricone!

Mal posso esperar para ver os enquadramentos cuidadosamente desenhados, as conversas sagazes e a sutileza brutal com que Tarantino dialoga em suas poesias de montagem. Eu sou suspeita para falar do Tarantino desde quando era uma garotinha que decidiu que queria ser caça-vampiros quando crescesse após assistir um Drink no Inferno. Talvez por isso eu não me choco com filmes que respingam sangue das telas de cinema. Ao contrário, até gosto. Segundo Tarantino, "Se a violência é parte do meu estilo como artista isso é uma questão de estética". E se ele - que concebe - usa a violência como recurso, sem peso na consciência, eu - que assisto - não reclamo do excesso de pancadaria nem do tiroteio gratuito. De onde será que ele tira tanta brutalidade, com tanto vigor?

O melhor de tudo é que Tarantino está de volta ao gênero vingativo motherfucka! Não é a saga da noiva para matar quem “a matou” e sim uma desforra histórica. (E para quem tem uma família que chegou ao Brasil fugindo da guerra isso tem um significado maior.) É o cinema salvando o mundo de modo brutal, eficaz, certeiro, sanguinário! Yeah!
Não, não sou uma pessoa vingativa. Nem violenta. E talvez seja por isso que eu gosto tanto de Tarantino. Porque com ele eu me vingo de tudo aquilo que não posso fazer na vida real. É como uma terapia. Quem nunca sentiu vontade de revidar que atire a primeira adaga! Seja no trânsito, na rua, na chuva, na fazenda, ou numa casinha de sapê.

O desejo de vingança é quase uma reação natural à injustiça. O plano de arquitetá-la e colocá-la em prática é que pode ser doentio. Por isso que os filmes de violência anestesiam, agindo como válvula de escape. Quer xingar o chefe que te faz trabalhar feito mula e ainda te paga um salário de fome? Quer brigar com o namorado que te deixa esperando? Tem vontade de socar aquela amiga duas caras do trabalho? Tem vontade de gritar "Fora Sarney!" no meio do expediente? Mas não pode fazer nada disso, porque você é uma pessoa sensata, certo?! Vá ver Bastardos Inglórios e sinta-se vingado nas cenas de pancadaria com o taco de beisebol! Mas lembre-se, segundo Epicuro, "a justiça é a vingança do homem em sociedade, como a vingança é a justiça do homem em estado selvagem."