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sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Os 7 Pecados Capitais - Vaidade - Espelho, espelho meu...




Vocês, leitores, sintam-se privilegiados ao ler o melhor post do especial 7 Pecados Capitais. Presunção a minha? Imodéstia? Vanidade? De modo algum. Isso é apenas para contextualizar o segundo dos defeitos fatais a serem retratados no ComTatos.

A vaidade supervaloriza o ego, seja na aparência, ou em quaisquer outras qualidades físicas ou intelectuais, de modo que elas sejam reconhecidas, e de preferência, admiradas pelos outros. Gera grande admiração pelo próprio mérito, um excesso de amor-próprio e extrema arrogância. O vaidoso sente imenso prazer a respeito de seus méritos. Acha-se tão admirável que despreza os feitos dos demais e vangloria a si mesmo como obra-prima do esmero divino.

Geralmente, a vaidade está ligada à aparência, aos excessivos esforços na manutenção da beleza e à supervalorização da própria harmonia de formas, à lá Narciso. Porém, aqui se enquadram também a soberba e as demais ações de prepotência e desprezo com relação aos outros.

Na atual sociedade, a vaidade é um dos sete pecados mais em voga. Há uma ditadura da beleza, que prega às mulheres que ser bela é obrigatoriamente sinônimo de magreza; cabelos longos e lisos, de preferência claros; corpo definido; cintura fina e seios fartos. Os homens não escapam da categoria e já têm até um rótulo a respeito, os metrossexuais, indivíduos ligados à beleza, que em geral são depilados, têm abdômen tanquinho, ombros largos, peitoral definido e demais atributos.


Vivemos em uma sociedade de bonecos, na qual as mulheres são a Barbie e seus parceiros, o Ken, tudo é voltado ao consumo e ao manter-se belo. A auto-estima torna-se um reflexo tido apenas nos olhos dos outros, e para se sentir bem há que ter o aval do próximo, legitimando a perfeição. Neste âmbito, a beleza é suficientemente boa em si mesma e a inteligência, a sagacidade, o bom-humor, a instrução, tornam-se itens opcionais a serem conferidos na lista depois das prioridades.


Há estudos científicos que descrevem a seleção natural darwiniana de acordo com os padrões da beleza Barbie.

Hoje em dia, há que ter cuidado ao lidar com a vaidade e com a ditadura da beleza. Seguindo está ética, o numero de cirurgias plásticas aumentam; cada vez mais, afina-se o nariz, aumentam-se os seios, diminuem a cintura. As dietas malucas viram lugares-comuns. Alisamento, descoloração e mega-hair são os principais tratamentos nos salões de beleza. Anoréxicas e bulímicas se multiplicam e isso é considerado normal e natural, e não como um comportamentos doentio. Estamos ultrapassando os limites, perdendo o poder de diferenciar os nossos reais desejos do que é importo pela mídia como ideal de beleza.

Assim, um outro significado de vaidade se faz presente, a qualidade do que é vão, vazio, firmado sobre uma aparência ilusória. Como diria o velho ditado: por fora bela viola, por dentro pão bolorento. Será que compensa dedicar tantos esforços para legitimar a própria superioridade?

No cinema, já fomos alertados de que o pecado não compensa. Lúcifer é o demônio que representa o orgulho e o próprio coisa-ruim, na pele de Al Pacino, em “O Advogado do Diabo”, afirma que a vaidade é seu pecado favorito, tentando seduzir o filho, metidão convicto, Keanu Reeves.

Para descer do salto, a virtude que contrapõe a vaidade é a humildade, que nos traz à tona a realidade de que somos todos farinha do mesmo saco e que, quando o único mal irremediável chegar, ao pó retornaremos.



ComTatos recomenda:
Um conselho de Décio de Almeida Prado, teatrólogo, escrito em 1949, o texto continua atual.
"Carta a uma jovem atriz"
A vida fútil nutre-se da aparência. Quer somente parecer. Parecer interessante, inteligente, bela, instruída.... Às vezes, quer parecer até boa, altruísta, corajosa. Para pessoas fúteis, ser não é importante, o importante é parecer.
Estas palavras, que eu gostaria que você guardasse, só tem um defeito: pecam pelo excesso de generosidade.
A vida fútil, na sua forma mais moderna e atual, não quer parecer inteligente, bela ou boa. Quer parecer somente. Quer aparecer de qualquer forma e a qualquer preço. Sob um ângulo favorável, se possível, ou desfavorável, se não houver outra alternativa.
É a sede de propaganda, de publicidade, que é uma das características mais fortes do mundo moderno. O perigo em tais casos é que começando por enganar os outros acabamos fatalmente,
através de uma lei bem conhecida, por enganar nós mesmos.

5 comentários:

Ronaldo Junior disse...

Espelho, espelho meu...

Ricardo Moreira Leite disse...

Vocês sabem quais são as capas mais vendidas da Veja - maior revista em circulação no País?
São aquelas que falam de beleza, plásticas e dietas...Pois é, somos cada vez mais reféns da vaidade, afinal já diziam os sábios que qualquer um pode ficar bonito, basta ter dinheiro...aí entramos em outra discussão. Seria a vaidade modelo de divisão de uma sociedade?

Rogério de Moraes disse...

No gancho do comentário do Moreira Leite, pitaco eu: No caso de uma divisão da sociedade, vejo a vaidade como sintoma; a aparência talvez seja o modelo de divisão. A divisão entre o bonito e feio, de acordo com nossos modelos e referências estéticas, define, muitas vezes, as oportuidades. Faça uma experiência empírica: compare os tipos que circulam pelo terminal de ônibus Parque D. Pedro e os tipos que circulam pelo terminal de ônibus Praça de Bandeira, levando em consideração as regiões que cada terminal atende. Ou ainda na linha verde do metro e nas linhas da CPTM. De qualquer forma, Umberto Eco acaba de lançar um livro que parece ser muito interessante, chamado O Elogio da Feiúra, onde ele traça paralelos entre a feiúra e como ela serviu, ao longo dos séculos, para estabelecer parâmetros de beleza. E acho que já falei demais. Abraços a todos.

Giuliano Palestrino disse...

Vaidade é um grande pecado... Temos que nos cuidar, claro, mas o mais importante é nos sentirmos bem como estamos, e termos saúde. Ainda bem que eu não me incomodo em ter minha barriguinha de chopp, sempre tem quem goste, hehehehehehe

Rachel disse...

o ideal é ser saudável. eu sou adepta à frase sábia que tudo tem limite. quem extrapola os limites se ferra de algum jeito. seja fazendo chapinha demais, seja fumando mto, bebendo mto, dormindo mto etc. o que importa é ser saudável e ter bom senso. e claro, sabermos diferenciar que nem todas as Barbies são burras e nem todas as "normais" são tão normais assim. Tds temos defeitos.

ótimo blog ! Já addicionei vcs !