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domingo, 26 de dezembro de 2010

Ingrediente secreto



Então é Natal... E você vai ouvir Jingle Bells em cartões de felicitações. Vai tocar Simone e aquele seu tio piadista vai fazer trocadilhos durante a ceia quando alguém for pegar o peru, ou perguntar se o pavê é “pra ver ou pra comer”. Previsível, certo? Bom, não teve nada disso nesse ano. E eu tive um dos Natais mais legais que poderia imaginar.


Além de abraços e votos de felicidade, saúde e paz, não troquei presente com ninguém. Fiz um acordo com “o pessoal” de que daríamos presentes só no começo de janeiro, algo como Dia de Reis. Já que os Reis Magos só presentearam o Menino Jesus em 6 de janeiro, vamos seguir a tradição à risca. Na verdade, decidimos isso porque depois do Natal os preços caem, assim como o movimento nos shopping centers. Ou seja, menos loucura e presentes mais legais por preços camaradas (ou quase).


Enfim, passei a virada do Natal com a família do namorado e durante a ceia lembrei do peso de uma guitarra e tive a triste constatação de que um sol e um ré é o máximo que consigo tirar (com certa dignidade) de um violão.


Fui visitar os Buracoffs somente no almoço do dia 25. E foi aí que tudo começou. Depois de um ano sem conviver com toda a turma do clã, chegando lá foi a mesma coisa de sempre: primaiada no videogame, na TV ou no computador, tios no carteado, as conservas de berinjela das tias, os doces na mesa ao lado das frutas secas, a luta para deixar a cerveja e os refris gelados e a churrasqueira torrando uma carne esquecida da noite de ontem, até rolar mais churrasco. Como sempre, teve uma chuva de verão (só para estendermos a lona lá fora) e eu reparei de novo que “Uau, como meus primos estão crescidos!Lembro deles pequenininhos...”


Mas dessa vez tive algumas surpresas diferentes. Vovô ficou todo feliz quando dei pra ele a cachaça que trouxe de Minas Gerais e, quando o tio pôs pra tocar a sua seleção de classic rock, eu constatei que não sou a única da família que gosta de Queensryche e Nixons.


Quando vi que minha priminha de 5 anos "esqueceu quem eu era" notei que preciso participar mais das deliciosas reuniões de família (Shame on me =/ ). Acontece que depois que minhas duas avós morreram em período de véspera de Natal a data perdeu um pouco da graça toda e seu sei que nunca mais o clima de Natal vai ser o mesmo. E não tem como ser.


Mas o que percebi hoje foi que o Natal não precisa de nada extraordinário para ser especial. É como em Kung Fu Panda, quando Po recebe o Pergaminho do Dragão, ou quando vê que a sopa do ingrediente secreto não leva nenhum ingrediente secreto. Na verdade, o segredo está na nossa cabeça. Por acreditar que a data tem algo especial a gente tem vontade de fazer aquilo de um jeito melhor. E no fim, somos nós que deixamos tudo diferente.


Esse ano eu achava que meu Natal seria mais do mesmo e, na verdade, ele foi o mesmo, mas muito mais. Mais legal, mais sincero, mais tocante. Porque eu percebi que as coisas simples “de sempre” são justamente o que fazem dele tão especial. É fazer artesanato com papel, garrafa pet ou miçanga ao lado das tias. É conversar com os primos, aqueles tão crescidos, e ver como as crianças crescem rápido demais. É voltar pra casa pesada porque misturou churrrasco, cerveja, grão de bico e arrematou com um mousse e uma gelatina.


Obrigada, de coração, a todos os Buracoffs que fizeram de todos os meus 25 Natais dias inesquecíveis, simples e regados de carinho e boas risadas. Poder viver isso uma vez por ano ao lado de vocês é simplesmente algo mágico e muito precioso. Espero que o Natal de vocês tenha sido, acima de tudo, feliz, assim como foi o meu.