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quinta-feira, 30 de julho de 2009

Royal straight flush


Cultura pode ser definida como um conjunto de padrões de comportamento, conhecimentos e costumes que distinguem um grupo social. Existem diferentes tipo de cultura em todos os setores da sociedade: cultura erudita, cultura popular, cultura artística, contracultura... A cultura está tão presente no nosso cotidiano que, às vezes, nem sabemos se determinado assunto é ou não cultura, como é o caso do (querido) baralho. O antigo jogo de 52 cartas é um marco em uma das mais tradicionais e dominantes manifestações da cultura moderna: a cultura de boteco.

Mesmo quem não bebe sabe jogar baralho. E mesmo antes de aprender a beber, você já sabe jogar baralho. Comigo foi assim. Comecei com um inocente jogo de vinte e um ou pif paf para espantar o tédio nos dias chuvosos em família na praia. Quando menos esperava, já estava cabulando aula para jogar truco com a galera. Agora, faço parte do tradicional torneio de tranca realizado nos churrasco dominicais no Guigo´s Bar, digo, na casa do meu avô.

Como a cultura une as pessoas, baralho também é cultura. Este fim de semana aprendi a jogar Uno com meus primos. Ficamos até altas horas no carteado, quando me lembrei que já sabia jogar uno, mas no baralho, conhecido como mau-mau, que segue as mesmas regras, mas as cores são representadas pelos naipes e as cartas especiais são representadas pelo rei, dama, valete e às.

Confesso que a jogatina estreitou o ComTato com os priminhos e deixou minha madrugada muito mais alegre.
As origens do carteado
Como toda manifestação cultural tem seu desenvolvimento marcado ao longo da história, o baralho também está há séculos entretendo o povo. Há relatos de que os jogos de cartas surgiram na China, em meados do século X. Depois de 400 anos, chegou a vez da Europa conhecer o jogo, levado pelos árabes, que adaptaram o baralho chinês. Já o baralho moderno mais usado nos países lusófonos possui 52 cartas, divididas em 4 naipes com 13 cartas. Sua origem é datada do século XVI, na França. Naquela época, vários países europeus tinham suas versões dos naipes, mas como os logotipos franceses eram mais simples, ganharam popularidade e foram adotados em outras nações. Hoje, os naipes são uma mistura das versões espanhola e francesa: os nomes dos naipes vieram do espanhol, mas os símbolos são franceses.

As cartas nobres existem desde que os árabes incluíram pessoas da corte no baralho. No baralho atual, as personagens são francesas: o servo real, valete (V), dama (D) e rei (R), porém, representadas com letras do baralho inglês: J ( Jack = valete, em inglês), Q ( Queen = rainha ) e K ( King = re)i. Acredita-se que cada figura representa um personagem em especial. O rei de ouros é a figura de Júlio César, o rei de Espadas seria Davi, o rei de Copas representa Carlos Magno e o rei de paus Alexandre, o Grande. (mais aqui)

Já para o coringa há duas teorias: a de que ele seria o “louco”, carta do baralho italiano sem naipe ou número; ou que teria origem inglesa, datada do século 19, oriunda de carta “imperial bower”, que triunfa sobre todas as outras.

Diversas expressões na nossa língua refletem a forte influencia do baralho, como o título de “carta fora do baralho” ou o ato de “descartar”. Aliás, dizem os irrefutáveis teóricos de boteco que a palavra “descartar”, que traduz uma ação muito usada em jogos de baralho, é oriunda do filósofo e matemático René Descartes, tido como o fundador da filosofia moderna e pai da geometria analítica e do sistema de coordenadas. Reza a lenda que Descartes, então com 22 anos, teria desenvolvido os pilares de suas teorias em meio às intermináveis noites de carteado nos antigos bares de Paris.

Amantes das cartas

Popularizado no mundo todo, o baralho virou marca registrada de diversos personagens, como mágicos e ilusionistas que fascinam suas platéias com truques em suas cartas. Os quadrinhos e suas adaptações para o cinema também retratam personagens amantes do baralho como Coringa, vilão e quiçá alter-ego de Batman, e o mutante Gambit de X-Men.

O jogo de baralho mais popular no mundo moderno é o pôquer, comumente jogado em cassinos. O pôquer tem torneios internacionais, movimenta cifras gigantescas e seus jogos são até televisionados. Mas longe do glamour do jogo de fichinhas, aqui nos bares de Sampa, o jogo mais comum é o truco, que geralmente é acompanhado de alguns sinais característicos (como piscadelas e mostradas de língua), doses de cerveja e frases como “Seis, ladrão!”, ditas em alto e bom som com a finalidade de provocar o adversário. E você, qual seu jogo de baralho predileto?

*P.S: Royal straight flush é a jogada mais valiosa do pôquer (foto inicial)

quarta-feira, 29 de julho de 2009

O diário de uma leitora de girlie books

“Eu sou descendente de japoneses e, por isso, todo mundo sempre achou que eu era nerd. O que está bem longe de ser verdade. Quero dizer, nunca dei trabalho na escola, mas também nunca fui a primeira aluna da sala. E assim eu continuei até chegar à faculdade, onde lia poucos dos livros e textos que os professores mandavam. O que não é exatamente uma boa idéia para uma estudante de jornalismo, mas, pra ser sincera, a leitura nunca foi um hábito para mim. Surpreendentemente, isso mudou logo no primeiro – quase segundo – ano da faculdade, quando, um tanto contrariada, resolvi acompanhar meu amigo à livraria depois da aula. Pouco empolgada, dei uma olhada nos livros em geral, até que um me chamou a atenção: era o primeiro volume da série O Diário da Princesa. Confesso que foi a capa cor-de-rosa, com uma coroa e um par de coturnos estampados, que me convenceu de que comprar o livro seria uma boa ideia. Porém, alguns dias depois, isso já não importaria mais porque a leitura virou vício e eu me tornei uma leitora assídua dos, batizados por mim, Girlie Books.”

É mais ou menos assim que autoras de livros considerados romances para meninas escrevem – é claro que minha tentativa não chega nem aos pés dos originais. E, exatamente por ser um retrato tão realista da vida da maioria das mulheres/meninas, é que as autoras do gênero não costumam ter o reconhecimento que merecem. E em vez disso, seus livros, algumas vezes, são tachados de “bobinhos” por quem nunca pegou um exemplar para ler nem sequer a sinopse. A Livraria Saraiva não me deixa mentir, já que coloca livros da coleção para Jovens adultos/Adultos na sessão de Literatura Infanto-Juvenil.

No entanto, desde que os best-sellers de Helen Fielding e Meg Cabot, O Diário de Bridget Jones e O Diário da Princesa, respectivamente, viraram sucesso no cinema em 2001, o preconceito com os "girlie books" está diminuindo. E provas não faltam. Em 2005, foi a vez de A Irmandade das Calças Viajantes, de Ann Brashares, invadir as telonas e, para completar, esse ano, chegou aos cinemas a versão cinematográfica de Os Delírios de Consumo de Becky Bloom, de Sophie Kinsella. Isso tudo para não citar a febre que Sthephanie Meyer causou mundo afora com o mais do que bem-sucedido Crepúsculo. Nem mesmo a televisão ficou imune ao sucesso dessas autoras já que, desde 2007, o livro de Cecily von Ziegesar, Gossip Girl, é seriado de sucesso na Warner Channel.

Por que ler?

Um dos segredos para o sucesso desses livros é que, ao lê-los, sentimos que estamos folheando páginas da nossa própria vida. Afinal, as personagens principais não poderiam ter mais coisas em comum com a maioria das mulheres/meninas da vida real: são sonhadoras, consumistas, vivem se metendo em encrenca, mentem de vez em quando, têm inimigas, morrem de ciúmes, não são populares, pagam micos e, claro, sonham em encontrar o príncipe encantado.

Além disso, são histórias cheias de humor e que podem acontecer com qualquer uma de nós a qualquer momento. Os diálogos, sempre divertidos e perspicazes, são capazes de arrancar gargalhadas de verdade, assim como também têm o poder de nos fazer manchar as páginas do livro com lágrimas teimosas. É verdade que Meg Cabot, Sophie Kinsella, Helen Fielding, Ann Brashares, Gemma Townley, Cecily von Ziegesar e todas as outras autoras que se dedicam à árdua tarefa de escrever "girlie books" de sucesso não são nenhum Gay Talese ou Truman Capote da vida, mas quem disse que não podem ser garantia de uma ótima leitura?

Must read

1. Meg Cabot
2. Sophie Kinsella
3. Gemma Townley
4. Ann Brashares
5. Sarah Mason

Em tempo: O décimo e último volume da série O Diário da Princesa, intitulado Princesa para sempre, chega às livrarias brasileiras no dia 3 de agosto.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Vale a pena o Vale-Cultura?

Você já deve ter ido ao restaurante na hora do seu almoço e pago com seu ticket refeição, ou até mesmo ido ao supermercado e pago com seu ticket alimentação. O Governo Lula pretende implantar um novo ticket para os cidadãos, será o Vale-Cultura. Mas será que vale a pena?

Para analisarmos isso de uma forma mais simples, vamos estipular uma comparação: imagine que a internet fosse criada hoje, com toda a modernidade possível, com todos os recursos que já temos, e toda a população jamais tivesse tido contato com ela, e de repente a internet é disponibilizada para TODOS.

O que teríamos seria um bocado de gente tentando entender do que se trata, sem saber como usar, e muito provavelmente a grande maioria estaria utilizando de maneira errada este recurso. Pois bem, ai você me pergunta: o que isso tem a ver com o vale-cultura? e eu te respondo: tudo!

Isso porque, este programa pode estar disponibilizando a cultura para pessoas que não entendem a cultura como ela realmente é, desenvolvendo o intelecto e formando uma sociedade, e não quero passar aqui a imagem de que eu seja mais capacitado que qualquer outra pessoa que possa receber o auxílio, e na verdade o que eu quero dizer é antes de chegarmos a dispor ao público esse tipo de acesso, temos que primeiro prepará-los, com a educação de qualidade que o povo em sua totalidade merece.

Segundo o site do próprio Ministério da Cultura o Vale-Cultura funcionará assim:

"Trata-se de um cartão magnético, com saldo de até R$ 50,00 por mês a ser utilizado no consumo de bens e serviços culturais. As empresas que declaram Imposto de Renda com base no lucro real poderão aderir à iniciativa e posteriormente deduzir até 1% do imposto devido.
O Projeto de Lei que institui o Programa de Cultura do Trabalhador e cria o Vale-Cultura foi encaminhado ao Congresso Nacional por meio da Mensagem Presidencial nº 573, com pedido de tramitação em regime de urgência urgentíssima."


Fiquei indignado com duas coisas: primeiro a "urgência urgentíssima" que pra mim dá a impressão de fins eleitorais e em segundo lugar o próprio programa em si sugere uma troca infeliz, pois com esse dinheiro poderíamos incentivar a cultura de outra maneira: educando! Gilberto Dimenstein, ontem, em sua coluna para o Catraca Livre foi mais adiante e relatou que nós, contribuintes, pagaremos por isso!

E continuamos com o programa de assistencialismo do governo, onde diminui-se o valor das coisas cobrindo buracos ao invés de refazer a estrada. O bolsa-família é um exemplo onde o valor da dignidade é substituído pela assistência "dada" pelo governo, e que acaba gerando um papel que outros setores deveriam preencher, como o Ministério do Trabalho, incentivando a criação de postos de trabalho, colocando a disposição desta população empregos ao invés de entregar o dinheiro. Finalizando, o empresariado acaba tendo que tomar as mesmas medidas, quando oferece assistência médica, pois a saúde pública é deficitária ou quando oferecem vale alimentação, pois o salário é baixo pois paga os impostos atrelados a empregabilidade deste cidadão. Em outras palavras vivemos num país que cobre a cabeça e descobre os pés!

PS.: Coloco aqui, neste espaço, a minha opinião, talvez não seja de todos do blog.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

ZAGOR Nº 100

Recentemente, no dia 22 de julho, foi lançado pela Mythos Editora o número 100 da revista Zagor, o que se tornou motivo de diversas comemorações, todas merecidas. Como se sabe, Zagor é um personagem de histórias em quadrinhos, criado em 1961 na Itália por Sérgio Bonelli e Gallieno Ferri.



A história é por demais conhecida, Zagor é uma abreviação de Za-gor-te-nay, que quer dizer “ O Espírito da Machadinha”. Resumidamente, ao perder os seus pais, Zagor passa a se dedicar à sua vida em defesa da paz, enfrentando diversos inimigos na imaginária floresta de Darkwood.

A história comemorativa, com o título de Magia Indígena, escrita por Moreno Burattini e desenhada por Gallieno Ferri, é uma síntese dos melhores momentos do personagem, com diversas referências aos artistas e roteiristas que contribuíram para a sua melhor caracterização e desenvolvimento.

O ambiente de todas as histórias de Zagor é o velho oeste, sendo que há a presença de diversas situações que envolvem assombrações, ficção científica e demais situações similares. Seu nome verdadeiro é Patrick Wilding e seu principal aliado em diversas aventuras é o seu inseparável Chico.

Curiosamente, apesar de ser ambientado no Velho Oeste, Zagor nunca foi objeto de adaptação para os cinemas, nem mesmo pelos italianos. No máximo houve a realização de três adaptações turcas que não deram em nada. Mas nada tira o mérito do personagem, que demonstra a imensa criatividade que passou de pai para filho, sendo Sérgio Bonelli filho de Giovanni Luigi Bonelli, um dos criadores do mítico Tex Willer.

Apreciem a leitura com agrado, ressalvando-se que a história foi muito bem avaliada pela resenha publicada pelo site www.universohq.com.br.

E parafraseando um famoso militar americano, histórias em quadrinhos boas são aquelas lidas com apreço. Boa leitura.

Bastidores da Loucura

Direção e adaptação de Fernando Meirelles da série canadense Slings and Arrows, Som e Fúria traz um elenco excelente e muito bem entrosado. A minissérie conta a história da Companhia de Teatro do Estado, após a morte de seu diretor artístico, Oliveira (Pedro Paulo Rangel). Passando por um momento de crise, a Companhia se vê obrigada a encontrar um novo de diretor artístico e também trazer mais patrocínio e público para o teatro.

Para substituir Oliveira entra Dante (Felipe Camargo), diretor da falida Sans Argent. Dante era um ator promissor da Companhia quando, em uma apresentação de Hamlet, esquece o texto e abandona o palco e também Ellen (Andréa Beltrão), sua namorada e companheira de teatro por acreditar que ela estava tendo um caso com Oliveira. Dante passa um tempo internado em uma clínica de psiquiatria e os rumores de sua loucura o acompanham após sua saída. Os rumores só aumentam, aliás, quando Dante passa a ver o fantasma de Oliveira que insiste em ajudá-lo nas novas montagens de Hamlet e Macbeth. Suas divergências são inevitáveis, já que Oliveira tem um perfil conservador, enquanto Dante questiona sempre qual a interpretação mais correta de cada cena e a intenção e motivação de cada personagem. Sua direção beira a obsessão, mas ao mesmo tempo trás uma nova visão e vigor para as montagens.

Além dos dramas dos atores e diretor, vemos também problemas administrativos e financeiros enfrentados pela Companhia que vê seu público, constituído em sua maioria pela terceira idade, diminuindo ou, nas palavras do publicitário Sanjay (Rodrigo Santoro), morrendo. Responsável por conseguir mais dinheiro para o grupo, o diretor financeiro Ricado Silva (Dan Stulbach) se vê diante de um dilema moral: seguir a ambiciosa e inescrupulosa Graça (Regina Casé), uma funcionário da Secretaria de Cultura, que quer fazer dele o novo diretor artístico e transformar a Companhia em um grupo de musicais; ou manter a Companhia com suas temporadas clássicas e confiar em Dante como diretor. Ao ver o sucesso de Hamlet, ele opta pela conservação dos padrões da Companhia e vai em busca de novos investimentos e uma nova campanha publicitária para atrair o público. Entra Sanjay e sua controversa campanha que causa muita polêmica, perda de patrocínios, público e deixa Ricardo a beira de um ataque de nervos, especialmente quando descobre o tamanho da ficha criminal do suposto Sanjay.

Em meio a romances e tragédias, fazemos uma viagem não só aos bastidores de um grupo de teatro, mas aos texto de Shakespeare (de quem sou fã). São entre trechos de Sonhos de uma Noite de Verão, Hamlet, Macbeth e Romeu e Julieta que conhecemos melhor os personagens, suas paixões e medos, insegurança e arrogância. O teatro, que infelizmente ainda não tem o devido valor no Brasil, é mostrado em sua intensidade e frivolidade.

Talvez por ser um universo tão diferente do cotidiano da maioria das pessoas, Som e Fúria tenha ficado ligeiramente abaixo da média de audiência do horário, o que é uma pena. Espero que isso não impeça que seja feita uma segunda temporada. Sim, existem planos de uma seqüência caso haja interesse de público, segundo Fernando Meirelles. Vamos torcer.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

MUDANÇAS NA PROMOÇÃO!

Devido a várias perguntas a respeito da promoção GANHE UM LIVRO AUTOGRAFADO POR MAÍRA VIANA, mudamos alguns itens:

1 - O Tema para a frase passa a ser a Palavra 'Comtatos'. Faça uma frase com a palavra COMTATOS em até 200 caracteres, para a caixa de comentários desta publicação.

2 - Por fazermos essa mudança o prazo será prorrogado para o dia sexta-feira, dia 31 de julho, até as 23:59

3 - A participação e para pessoas da Grande São Paulo.

4 - Não esqueça de deixar um email para contato (este email não será divulgado pois a mensagem será moderada, a confirmação de sua participação será feita logo após a inclusão nos próprios comentários).

Caso alguém tenha mais alguma dúvida escreva para comtatos@comtatos.net

BOA SORTE!

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Nas Asas do Destino - entrevista com Maíra Viana

Foto: Vinicius Campos

Ela tem a cabeça cheia de cores. Diversas como um arco-íris, as nuances se dividem, multiplicando-se nos mais variados tons. Somadas, uma a uma, cada palavras ganhou forma e a mente dela ficou alagada por uma enxurrada de poesia. Sem saber o que fazer, ela pôs as letras para secar no varal, pintando o céu do quintal de casa. Ela coloriu a própria realidade. Sentada na frente do computador, ela nem percebeu a nova vida que acabara de inventar. Ela voou e conheceu mil cidades. Suas cores pintaram milhões de frases. As palavras viraram livro. Viraram música. Milhares de bocas cantaram suas cores. Então, suas palavras se dividiram em outra vida. Multiplicando em cena, no palco de um teatro.


Esta é a história da Menina Maíra, inspirada na vida de Maíra Viana Barros, autora da peça Sinos Imaginários, em cartaz em São Paulo. “Sinos Imaginários desenha o ritual de passagem de Clariana. Uma jovem escritora que, reclusa em seu apartamento, passa o tempo a imaginar histórias para seus livros. A realidade dela começa a se confundir com a própria ficção quando se depara com um de seus personagens bem no meio da sala. O diálogo é inevitável e, logo em seguida, outros personagens passam a “invadir” seu mundo, outrora tão vazio, e insistem em lhe dizer algumas verdades que inteferem em sua vida, suas decisões, seu futuro. A história de Clariana não é só mais uma história no mundo das histórias. A história de Clariana é a história de todos nós!”

Metade Clariana e metade Menina Esquisita, a Menina Maíra, digo Maíra Viana nos recebeu nos bastidores de seu espetáculo e nos convidou a conhecer sua lépida aventura no mundo da dramaturgia. Confira a entrevista:

ComTatos: Como você decidiu fazer a peça?
Maíra Viana: Bom, um pouco antes de fazer a peça eu lancei o livro O “Teatro Mágico em Palavras”, em 2007, e comecei a vender na lojinha da banda. No final de cada show eram 60, 80 livros vendidos. O livro atingiu a marca de 6 mil exemplares vendidos de modo independente. O público começou a pedir para eu escrever mais, para eu dar continuidade a esse trabalho, mas eu não queria fazer um “O Teatro Mágico em Palavras 2”. Então, fiquei pensando em como aquelas histórias poderiam render e dentre as várias possibilidades artísticas vi que o teatro poderia ser uma delas.

ComTatos: Mas tem uma história inusitada, de uma noite de insônia no ônibus não tem?
Maíra Viana: Risos, é a gente estava indo para Vitória, no Espírito Santo. Era uma viagem longa, cansativa e tarde da noite, todo mundo estava dormindo, só eu estava acordada. Aí, lembrei de uma conversa que tive com o Rober (Rober Tosta, ator e performance circense do grupo Teatro Mágico), em que ele me disse para eu fazer uma peça, pois ele estava com saudade de atuar.

Fiquei imaginando como costurar as histórias do livro e comecei a reler os contos. Eis que surgiu a história de uma escritora que começa a interagir com seus personagens. Selecionei os contos mais legais do livro para usar na peça e, no fim das contas, o resultado ficou bem bacana, completo e sutil. Sinos imaginários é nome de um texto do livro, que conta a história da Menina Esquisita, uma personagem da peça. Achei o nome legal porque os personagens que surgem na vida conflituosa dessas escritora agem como sinos tocando na cabeça dela, mostram algumas soluções.


ComTatos: E o Menino Varrido? Ele era um personagem do livro, foi para a peça e agora ganhou um livro infantil, que você está lançando em parceria com a Livraria Saraiva. Como é essa história?
Maíra Viana: Ah, foi algo bem inusitado. Depois de um show, ainda no camarim, o Anitelli pôs uma lanterna no rosto e contou a história para câmera Aí gente jogou esse vídeo no Youtube. Então um editor da Livraria Saraiva estava navegando na internet e caiu na minha página. Ele não sabia o que era o Teatro Mágico, mas ouviu a história e achou que aquilo dava um livro infantil maravilhoso. O livro é todo colorido, grande, com um papel bonito. É o meu segundo livro, mas agora tem uma editora, vai estar em várias livraria do Brasil, é um processo bem diferente do primeiro. Aliás, o editor me contou que teve dificuldade em encontrar meus contatos e foi aí que eu percebi que era a hora de ter mais que um blog e ter um site. Foi aí que fiz o mairaviana.com.br que reúne todo o meu trabalho, meus contatos, vídeos, crônicas, o blog.Tô favorecendo a sorte para que as coisas aconteçam.

ComTatos: Como é escrever para criança?
Maíra Viana: Eu nunca escrevi nada voltado para criança. O conto do Menino Varrido foi imaginado de outra forma, para adultos. Mas quando eu recebi o convite e os desenhos começaram a surgir, cheios de cores... Fui achando aquilo tão mágico, tão lindo que resolvi que vou escrever para criança. Então, já escrevi um outro livro, chamado “Olho de Peixe” que ainda está guardado, sendo ilustrado por uma amiga minha, mas não tem editora ainda, não tem data, nem nada. Ele só existe, a história existe e foi escrita para uma criança compreender, estou gostando de seguir essa linha.

ComTatos: Você recebe sugestões de fãs? Eles te mandam ideias?
Maíra Viana: Tem sim. Desde fã que me convida para compor algo em parceria até gente que entra em contato para me mostrar seus poemas, suas músicas.Sempre que posso eu respondo, porque é muito legal ter esse contato com as pessoas que me lêem. Tem também as pessoas que me escrevem para poder usar um texto meu em uma apresentação na escola, no curso de teatro. Eu deixo, claro, é só por os créditos, isso é divulgação do meu trabalho. E na verdade, essas atitudes é o que fazem a gente estar onde a gente está, porque o Teatro Mágico virou um fenômeno mas não está na mídia. Não é, como por exemplo, a Ivete Sangalo que está na grande mídia. Isso ajuda na nossa divulgação.

ComTatos: O Teatro Mágico foi um marco na sua vida, o início a um trabalho muito bonito. Como foi trabalhar com a banda? Você ainda tem outros projetos não incluem o Teatro Mágico?
Emocionada, como sempre fica ao falar do Teatro Mágico, Maíra Viana responde: O Teatro Mágico é uma trupe de artistas das mais variadas vertentes. Tem o cara que é um palhaço, mas que quer fazer teatro. Tem outro que compõe. Tem um percussionista que faz performances. É uma galera que tem muito talento e faz muitas outras coisas além do que faz no Teatro Mágico. Muitos artistas já passaram pelo TM e hoje estão com trabalhos independentes. O TM é um movimento cultural as pessoas passam por ele, pegam o que tem para pegar de lá, faz suas trocas e saem dali transcendendo cultura. O meu processo não foi diferente disso. Eu fiquei 5 anos ligada à produção. Nunca achei que eu fosse artista, nunca pensei que fosse ser uma escritora. Eu comecei a ajudar o Fernando (Anitelli) quando eu o conheci pela internet. Eu tinha um blog (o Vergonha dos Pés) e, um dia, o Fernando estava navegando, leu minhas coisas, se encantou e me mandou uma mensagem dizendo que tudo que eu escrevia era lindo e que tinha tudo a ver com o projeto que ele tava começando.


ComTatos: Para finalizar, qual dica você dá para quem está começando a escrever?
Maíra Viana: Eu sempre falo, primeiro passo é fazer um blog. Põe na internet, pega o que você escreve, publica lá e divulga. Manda o link para o máximo de pessoas que você puder. Usa o Twitter, o Orkut. A maioria das pessoas não vai ver, mas qualquer um que lhe visitar, comentar, já é legal para você. A internet foi um anjo da guarda para mim e hoje, ela é ferramenta de comunicação do momento.

P.S: Dados do podcast: texto por Nathalya Buracoff. Interpretação Ronaldo Junior. Música: Acendendo Velas, da trilha sonora da peça Sinos Imaginários. Autoria: Fábio Mauro e Nick Gutierrez.


PROMOÇÃO!

O ComTatos lança uma promoção exclusiva!

Mora na Grande São Paulo e quer ganhar um livro “O Teatro Mágico em Palavras” autografado, (como este aqui) ? Então, mande uma frase, com até 200 caracteres, referente ao universo de Sinos Imaginários no espaço de comentários abaixo. A frase mais criativa na opinião da equipe do ComTatos recebe um livro autografado pela autora. Solte a imaginação e deixe a sua mensagem! Você tem até as 23h59 do dia 28/07. NÃO ESQUEÇA DE DEIXAR UM EMAIL PARA CONTATO

sábado, 18 de julho de 2009

Letras em raios de luz



“O astro rei não estava lá, tinha tomado um chá de sumiço. E cada boca sussurrava: “Onde estará? Onde estará?”. É assim que, espantada com o desaparecimento do Sol, a gente do vilarejo saiu em protesto procurando por ele. O Menino-Varrido metido a cientista, que vivia recluso e distante de toda a realidade a sua volta, nem se importava com a indignação alheia. Ele estava radiante – de verdade – era com a primeira mágica bem-sucedida que acabara de realizar... O que o Varrido tem com tudo isso? E o Sol? Onde será que foi parar?”

A história do menino que consegue roubar o sol num passe de mágica, contada no vídeo acima, chega ao público infantil, em cores e formas, neste domingo com o lançamento do livro Menino Varrido, de Maíra Viana Barros, às 18h, na Livraria Saraiva, do Shopping Ibirapuera, em São Paulo.

Durante o evento, a escritora revela o processo de criação do personagem, acompanhada de Rodrigo Franco, ilustrador da obra, que comentará sobre a linguagem e arte gráfica utilizada. O músico Fernando Anitelli realizará uma contação de historias em um encontro com muita música, bate-papo e poesia. O evento é gratuito e logo após o término, haverá uma sessão de autógrafos.

“Menino Varrido” é um conto do livro “O Teatro Mágico em Palavras”, escrito por Maíra, baseado nas músicas da trupe O Teatro Mágico. O personagem também ganhou vida e faz parte da peça Sinos Imaginários, em cartaz às quartas-feiras, até 26 de agosto, no Teatro Coletivo Fábrica, em São Paulo. (A equipe do ComTatos foi conhecer o espetáculo e conversou com Maíra Viana. A entrevista exclusiva vai ao ar na próxima semana, com novidades e uma promoção especial para os nossos leitores.)

A obra, que inicialmente era um conto virou vídeo, até que um editor da Saraiva estava navegando pelo Youtube, quando se deparou com a história do Menino, produzido pela escritora e editado pelo videomaker Marcos Farion. Então, achou que aquilo poderia ser transformado o universo infantil. Para este ano, a escritora prepara o lançamento de seu terceiro livro e de um curta-metragem em animação, o qual assina roteiro e produção, intitulado "Alegoria dos Porquês", com narração de Fernando Anitelli e criação do artista gráfico Ivan Mola.

Serviço
O que: lançamento do livro Menino Varrido
Onde: Livraria Saraiva - Shopping Ibirapuera. Avenida Ibirapuera, 3103.
Quando: 19 de julho, às 18h.
Quanto: Grátis.
Mais informações: (11) 5561-7290.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

O novo de novo

Não demorou muito tempo, depois que apareceu vestida de colegial cantando Baby One More Time, para que Britney Spears fosse intitulada a Princesinha do Pop. Ou a Nova Madonna, em outras palavras. O mesmo aconteceu com Justin Timberlake, assim que deixou a boyband N’sync para dançar e cantar em carreira solo e ser, para muitos, o Novo Michael Jackson.

A mídia e, muitas vezes, os próprios fãs dos “novos-alguém” gostam desse tipo de comparação e não perdem a chance de rotular as bandas e cantores que aparecem. E exemplos não faltam. Quando os britânicos do Oasis estouraram com a música Wonderwall, muitos disseram que eles eram o Novo Beatles. Recentemente, é o Mcfly que tem sido comparado aos reis do yeah, yeah, yeah. Janis Joplin também ganhou sua versão moderna, que atende pelo nome de Joss Stone.

Nem mesmo o universo grunge ficou isento das comparações. A mais comum tem como protagonistas o Pearl Jam e o Stone Temple Pilots em começo de carreira – na época do lançamento de Core, o primeiro álbum da banda de Scott Weiland. Até Amy Winehouse, que tem apenas dois CDs lançados – Frank e Back to Black – já ganhou novas “versões”! São elas a inglesa Adele, que fez sucesso com a baladinha Chasing Pavements, e a galesa Duffy, que conquistou o público e as paradas com a dançante Mercy.

Aqui no Brasil, as comparações ficam ainda mais forçadas. Fãs assumidos de Weezer, os barbudos do Los Hermanos já foram comparados à banda norte-americana. Já no caso da garota prodígio Mallu Magalhães, ela mesma confessou que se inspira em mestres como Bob Dylan e Johnny Cash para compor suas canções. Graças a essa afirmação, a cantora ganhou o apelido, muitas vezes em tom de ironia, de “Bob Dylan de saia”. Mas a verdade é que a música de Mallu faz o mesmo estilo do som da francesa Soko. Essa, sim, é uma comparação viável. Ah, também tem quem considere Legião Urbana a versão nacional de Smiths. Será?

E além de todos os já citados, ainda tem quem considere The Killers o Novo U2, gente que compara Coldplay e Radiohead, e pessoas que acham que Jonas Brothers é a versão do Hanson nos anos 2000. E poderíamos ficar o resto do ano fazendo comparações musicais...

Mas, agora é sua vez de opinar: esse tipo de comparação é exagero ou faz sentido?

quinta-feira, 16 de julho de 2009

JEAN CHARLES

Sei que estou no terreno alheio, mas queria deixar o meu pitaco sobre Jean Charles, dirigido por Henrique Goldman. O diretor de outras três películas ainda é desconhecido no Brasil, talvez porque ele, hoje, é radicado em Londres. Goldman parece estar predestinado a este roteiro, pois assim que houve o incidente com Jean propôs um documentário que não foi adiante, e penso eu, que ainda bem que não fora, pois se tivesse acontecido talvez não vissemos um belo drama no cinema, além de não ganhar a propagação que o tema merece.

Bom, vamos começar pelo elenco, que contam com interpretações maravilhosas de Selton Mello e Luis Miranda. Selton não fez caricatura, não mostrou apenas um lado interessante do personagem, foi completo, e Luis foi brilhante, vocês vão notar que ele transmite, em um momento particular, em uma simples frase, o que é sentir culpa ou arrependimento (como disse a Nathy).

Passando pelo roteiro, fica muito claro (usando as palavras de minha irmã depois do filme) que "não pintam Jean Charles como um santo" e isso faz toda a diferença para o enredo. Jean é o típico brasileiro que leva as coisas no "jeitinho brasileiro", mas não é uma pessoa má. E isso é o que fica evidente na simplicidade em que Jean (Selton) leva as coisas, suas facilidade em fazer amigos e sobretudo mostrando o quanto a consciência é seu pior inimigo. Algo relevante é que o filme conta uma história que todos sabem o final, isso complicaria muito as coisas, mas ao contrário enobreceu a narrativa que foca na vida. Por alguns momentos chegamos a esquecer da tragédia no fim.

A fotografia me agrada bastante, mas os enquadramentos incomodam e os cortes são muito visíveis, assim como as cenas de câmera em punho que tremem demais e também são aflitivas, e ao meu ver, ficam um pouco fora de contexto. A trilha acompanha bem o filme e não deixa muitas marcas, a não ser quando o Sidney Magal sobe ao palco para cantar: O meu sangue ferve por você.

Colocando na balança, o filme tem muito mais pontos fortes do que fracos, e vale MUITO a pena assistir a história de Jean Charles de Menezes.



Ficha Técnica
Título Original: Jean Charles
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 90 minutos
Direção: Henrique Goldman
Roteiro: Marcelo Starobinas e Henrique Goldman
Produção: Carlos Nader, Henrique Goldman e Luke Schiller
Música: Nitin Sawhney
Fotografia: Guillermo Escalón
Edição: Kerry Kohler
Distribuição: Imagem Filmes

Elenco
Selton Mello (Jean Charles de Menezes)
Vanessa Giácomo (Vivian)
Luís Miranda (Alex)
Patrícia Armani (Patrícia)
Maurício Varlotta (Maurício)
Sidney Magal (Sidney Magal)
Daniel de Oliveira (Marcelo)
Marcelo Soares (Chuliquinha)
Rogério Dionísio (Bisley)

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Vini, Vidi, VIK

Os paulistanos têm até este domingo (19) para conferir a mostra VIK, do artista plástico e fotógrafo paulistano Vik Muniz, em cartaz desde 24 de abril, no MASP. A mostra traz 131 trabalhos realizados entre 1988 e 2008 e revela um panorama da produção do artista radicado em Nova Iorque há 25 anos.

foto: Ronaldo Junior (Homenagem a Vik Muniz)

Vik Muniz atraiu a atenção da comunidade artística internacional com fotografias de trabalhos realizados a partir de técnicas variadas e materiais inusitados - como a Mona Lisa feita de pasta de amendoim, o Che Guevara desenhado em geléia ou o retrato de Elizabeth Taylor montado a partir de centenas de pequenos diamantes.

Mas quem nunca desenhou no prato com ketchup? Ou, à espera de mais batata frita, não brincou de fazer smiles com mostarda? Todo mundo já seguiu a ideia do artista, mesmo sem grandes pretensões.

Pois bem, a originalidade de Vik Muniz está exatamente em levar às grandes galerias e museus algo diferente das obras conceituas que intimidam os visitantes. Ele mostra uma arte que, mesmo possuindo uma criação repleta de detalhes, é simples, criativa e de fácil compreensão pelos visitantes. Qualquer pessoa pode ser surpreendida pelas grandes obras do artista – e não é força da expressão, a mostra traz retratos de até 3 metros de altura. Quando esteve no Rio de Janeiro, a mostra reuniu um público heterogêneo formado por internos de instituições psiquiátricas, catadores de lixo, detentos de Bangu, jovens do Complexo do Alemão e da Cidade de Deus, assim como profissionais do mercado de arte e representantes da classe média carioca.

Os detalhes das obras de VIK foram ampliados de maneira que é possível reparar nos objetos encontrados no lixo que formam as fotografias da série Pictures of Garbage, feita com a colaboração dos catadores do Aterro Sanitário de Gramacho, no Rio de Janeiro, o maior da América Latina.

Segundo Vik, “Minha intenção inicial é conseguir uma reação física do espectador, atraí-lo, cativá-lo. A partir do momento em que consigo isso, posso comunicar a informação que quero passar. Meu sonho é mudar a forma elitista com a qual a arte é encarada. Não acredito na separação entre o popular e o inteligente, como se fossem coisas antagônicas.”

Um detalhe, que para alguns pode passar em branco, são as duas frases estampadas em letras garrafais nas paredes do MASP: “O cérebro não colhe idéias no canteiro do ócio. É, sobretudo, pela interação com o material, pelo trabalho, pelo esforço e, em última instância, pelo fracasso, que nós nutrimos nosso banco de idéias” e “Acredito que nem todas as pessoas sejam artistas, mas todas que desejarem ser possuem tudo o que o mundo tem a oferecer para que, um dia, elas se tornem. Se eu pude, qualquer um pode."

Sou muito ligada a frases e citações e acredito que as duas sentenças acima traduzem um pouco da história e da obra do artista. Aplicando na minha vida, vejo que os pequenos ensinamentos de Vik fazem sentido. Afinal, se não fosse pela repetição, por insistir em traduzir meu pequeno universo em forma de cultura, aqui neste blog, eu não teria porque escrever. E é justamente escrevendo, cada vez mais, que eu posso escrever cada vez melhor. O mundo está aí, cheio de arte, cultura e pessoas interessantes para trocar experiências de vida conosco e o conhecimento é uma questão de tato, entrar em contato, ou melhor, ComTatos.


Exposição ‘Vik’
Retrospectiva com 131 obras do artista plástico Vik Muniz
Realização e coordenação: Aprazível Edições e Arte – Leonel Kaz e Nigge Loddi
Patrocínio: Bradesco Seguros e Previdência
Exposição: de 24 de abril a 19 de julho
Horário de visitação: terça a domingo e feriados, das 11h às 18h; às quintas, das 11h às 20h.
Ingresso: Inteira – R$ 15,00, Estudantes - R$ 7,00, Menores de 10 anos e maiores de 60 anos – Gratuito
Às terças-feiras a entrada é gratuita.

Local: Museu de Arte de São Paulo – MASP
Endereço: Av. Paulista, 1578
Telefone: (11) 3251 5644
Classificação etária: livre
Estacionamento pago no local
Acesso a deficientes

terça-feira, 14 de julho de 2009

HARRY POTTER - A obra literária

Agora que a série cinematográfica do bruxo mais famoso do mundo atualmente está acabando, nunca é tarde demais para falar sobre as suas qualidades, sua contribuição para a literatura, em suma, a importância que os livros de Harry Potter trouxeram para a cultura de uma forma geral, e para as histórias relacionadas ao universo dos romances fantásticos. Vale lembrar e para quem não sabe, as histórias do personagem e dos seus amigos vieram da cabeça da ex-professora de inglês e agora escritora britânica J. K. Rowling. Desde o lançamento do primeiro volume, Harry Potter e a Pedra Filosofal, em 1997, os livros ganharam enorme popularidade e um estrondoso sucesso comercial no mundo afora dando origem aos filmes, e até games, como também a muitos outros itens.

Os sete livros publicados até agora venderam aproximadamente incríveis 400 milhões de exemplares (Dan Brown morre de inveja) em todo o mundo e foram traduzidos para mais de 63 idiomas. Graças ao grande sucesso dos livros, Rowling tornou-se, hoje, a mulher mais rica na história da literatura e uma das mais ricas da Grâ Bretanha. Aqui no Brasil, os livros são publicados pela Editora Rocco.

Grande parte da narrativa se passa na já famosa Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, e tem como foco principal os conflitos que norteiam Harry Potter e o bruxo maligno das trevas, aquele que não se pode pronunciar o nome de tal terrível, o tal de Lord Voldemort (falei, mas foi sem querer). Paralelamente, os livros exploram os mais diversos temas contemporâneos, como a amizade, ambição, escolha, preconceito, coragem, crescimento, responsabilidade moral e as mais diversas complexidades que cinge-se entre a vida e a morte, e tudo isso em volta de um mundo mágico com suas histórias, habitantes, cultura e sociedades.

Todos os sete livros foram minuciosamente planejados e publicados. O sétimo (e até agora, para decepção de muitos fãs, é o último), denominado Harry Potter and the Deathly Hallows, foi lançado nos EUA em 21 de Julho de 2007, no Brasil, em 10 de Novembro.

Os cinco primeiros livros deram origem a grandes sucessos de bilheteria, e o sexto filme começou a ser filmado em outubro de 2007, e será exibibo nos cinemas europeus, norte-americanos e brasileiros em 15 de Julho de 2009, sim, é aquilo que você pensou, estréia mundial, haja bruxaria.

Para quem não sabe, a história começa com o mundo dos bruxos, que tenta manter-se secreto dos Muggles - termo traduzido para o Brasil como "Trouxas" (aqueles que não são bruxos). Por vários anos este mundo foi aterrorizado pelo tal Lord Voldemort. Na noite anterior a sua queda, Voldemort encontrou o esconderijo da família Potter, matando, nessa oportunidade, Líly e James Potter (Lílian e Tiago Potter, no Brasil, arre, essas traduções). Mas, no momento em que apontou a sua varinha contra o bebê dos Potter, Harry, o seu feitiço voltou-se contra ele. Com o seu corpo destruído, Voldemort tornou-se uma espécie de espírito sem nenhum poder, procurando refúgio nos lugares mais sinistros do mundo; Harry foi deixado com a famosa cicatriz em forma de raio em sua testa, o único sinal físico da maldição infrutífera de Voldemort. Assim, Harry ficou conhecido como "O Menino que Sobreviveu" no mundo dos feiticeiros, por ter sobrevivido a maldição da morte e por ter derrotado Lord Voldemort.

E por ai vai, a ida até a casa dos tios e trouxas Dursley, sem saber de seu poder mágico. Porém, no seu décimo primeiro aniversário, Harry tem o seu primeiro contato com o mundo mágico, é nessa oportunidade que recebe as cartas da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, que eram roubadas pelos tios antes que ele pudesse lê-las. Harry é informado por Hagrid, o guarda-caças de Hogwarts, de que ele é um bruxo e deve ocupar sua vaga na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts.

Cada livro registra uma ano da vida de Harry em Hogwarts, aonde o persongaem cresce como pessoa e como bruxo, conhecendo mais sobre como usar a magia e a fazer poções. Harry também aprende a ultrapassar muitos obstáculos mágicos, sociais e emocionais que enfrenta em sua adolescência e na segunda tentativa de ascensão de Voldemort ao poder.

Não vou me deter nos demais livros, leia sem demora, pois são diversão garantida.

Por ser uma série na qual cada livro equivale a cerca de um ano de vida do seu protagonista, seu conteúdo amadurece conforme Harry cresce. É curioso verificar que os seus leitores, que começaram a ler a saga ainda crianças, também vão amadurecendo enquanto lêem. A estrutura da história, fica bastante complexa e sofisticada a cada volume, mérito para a talentosa escritora, que não mediu esforços para terminar a história em sete volumes.

Um dos temas mais recorrentes ao longo da série é o amor, retratado como uma poderosa forma de magia. Dumbledore acredita que foi a capacidade de amar que permitiu a Harry que resistisse às tentações de poder do lorde das trevas em seu segundo encontro, e não permitiu que o vilão se apossasse do seu no quinto ano, e será este poder o responsável pela derrota final de Voldemort?

Em contraste, outro tema importante é a morte. Diz a escritora que "Os meus livros abordam bastante a morte. Começam com a morte dos pais de Harry. Há a obsessão de Voldemort em derrotar a morte e conquistar a imortalidade a qualquer preço [...]. Eu percebo porque é que Voldemort quer conquistar a morte. Todos nós temos medo dela", disse Rowling. Curiosamente, o nome de Voldemort significa "vôo da morte" em Latim e Francês, e "roubar a morte" em Francês e Catalão. Os livros são o clássico bem contra o mal e o amor contra a morte. A perseguição que Voldemort mantém com o intuito de se evitar a morte, que inclui situações como beber sangue de unicórnio ou separar a sua alma através do uso de horcruxes, contrasta com o sacrifício de Lilian Potter, o amor por Harry e a magia extraordinária que o seu gesto deixou nele, um sacrifício que Voldemort nunca poderá entender ou apreciar.

Também tem vez o preconceito e a discriminação que também são temas bastante abordados ao longo dos livros. Harry aprende a existência de feiticeiros Sangue-Puro (oriundos de famílias onde só há bruxos) que abominam os sangue-ruim (bruxos de ascendência bruxa e trouxa ou ainda bruxos que vieram de uma família só de muggles) e os consideram inferiores. O meio termo são os bruxos Mestiços, àqueles que tem os pais muggle (ou de família muggle), e o outro ramo pertencente a comunidade bruxa. Os mais preconceituosos dentro da comunidade mágica levam estas designações mais longe, utilizando-as como um sistema de graduação para demonstrar o valor de um feiticeiro, considerando os de Sangue-Puro como sendo superiores e os de sangue-ruim como desprezáveis.

Outro importante tema brilhante que se passa na narrativa é sobre as escolhas. Em Harry Potter e a Câmara dos Segredos, Dumbledore faz, talvez, sua mais importante declaração sobre o assunto: "São as nossas escolhas, Harry, que revelam o que realmente somos, muito mais do que as nossas qualidades". Brilhante.

Dumbledore aborda esse tema novamente em Harry Potter e o Cálice de Fogo, quando diz a Cornelius Fudge que mais importante do que como se nasce, é o que a pessoa se torna ao crescer.

Desta forma, muito dos personagens passam, ao longo dos livros, o que Dumbledore considera "uma escolha entre o que está certo e o que é fácil", tem sido um marco na carreira de Harry Potter em Hogwarts, e as suas escolhas estão entre as características que melhor o diferencia de Voldemort. Tanto Harry como Voldemort foram órfãos criados em ambientes difíceis, fora o fato de partilharem características que incluem, como Dumbledore afirmou, "um raríssimo dom ofidioglota — sabedoria, determinação" e "um certo desapreço por regras". Contudo, Harry, ao contrário de Voldemort, decidiu conscientemente adotar a amizade, a bondade e o amor, enquanto que Voldemort escolheu propositalmente rejeitá-los.

Enquanto que tais idéias sobre amor, preconceito e escolha são, como afirma J.K. Rowling, "profundamente cravadas em todo o enredo", a autora prefere deixar que os temas "cresçam organicamente", em vez de uma estrutura conscientemente tentando transmitir tais idéias ao leitor. A amizade e a lealdade são talvez os temas mais "orgânicos" de todos, aparecendo principalmente na relação entre Harry, Ron e Hermione, relação essa que permite tais temas sejam desenvolvidos naturalmente à medida em que os três personagens crescem na narrativa, e a relação dos personagens amadurece através das experiências acumuladas em Hogwarts testem a fidelidade dos três amigos. Essas provas tornam-se progressivamente mais difíceis, acompanhando o tom cada vez mais escuro e misterioso dos livros e a natureza geral da adolescência.

Por tudo isso e por muito mais essa é uma obra ímpar, aproveite e releia Harry Potter, e assista os filmes o quanto antes...

A Era do Twitter

Muito se tem falado que o Twitter não é bem um substituto do blog na rede, pois suas características de relacionamento rápido, mensagens curtas e bate papo constante o credenciam como um espaço mais parecido com um MSN ao céu aberto do que um espaço para opiniões fundamentadas para um assunto.

Pois bem, eu já tenho outra opinião, acho que o Twitter é algo que pode substituir os blogs no longo prazo. Não todos, é claro. É evidente que os Interneys, Inagakis, Tas e outros espaços populares da rede (e o Comtatos, por que não?) continuarão a ser atualizados e recebendo uma audiência fenomenal, mas não acredito que tenhamos mais esse número exorbitante de espaços brigando por pouco espaço, e, as vezes, por uma audiência de 5, 10 pessoas por dia.

Ninguém gosta de escrever para ninguém.

Aí é que entra o Twitter, nele, você pode, rapidamente, alcançar um público de 100, 200 pessoas, com certa facilidade. E neste espaço, onde você ouve e é ouvido que as pessoas encontrarão um ambiente que não necessite de atualização diária, de pesquisas e opiniões formadas sobre um determinado assunto. Você só precisa dizer o que pensa em até 140 caracteres. Se você for alguma pessoa interessante, será seguido. Se só falar besteiras, as pessoas deixarão de te seguir.

Tão simples quanto 2+2= ?

E você, acha que o Twitter pode substituir os blogs? Ou serão ferramentas complementares?

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Só hoje?

Roqueeeeeee! Ma oeeeeeem! É hoje, meu filho! Vem pra cá! Dançando e rodando, em ritmo de festa! Não, não estou falando do assistente do Sílvio Santos, e sim do ritmo mais cultuado do globo. Afinal, dia 13 de julho é o Dia Mundial do Rock e o CONTACT, digo, ComTatos não poderia deixar esta data passar em branco.

A oficialização do aniversário do bom e velho rock and roll se dá graças ao Live Aid, festival em prol da Etiópia que reuniu shows simultâneos nos Estados Unidos e na Inglaterra. Entre os artistas estavam Elvis Costello, Freddie Mercury, Led Zeppelin, The Who, Paul McCartney, Black Sabbath, The Beach Boys, David Bowie, The Pretenders e Kool and The Gang, em 1985, ano em que esta que vos fala nasceu (com uma trilha sonora dessa eu não poderia deixar de ser ROCKER, né? BLAME IT ON THE LOVE OF ROCK AND ROLL!)


Apesar de ser quase um sexagenário, não se sabe ao certo quantos anos o Vovô Roque completa este ano. ( A Wiki pode te ajudar http://pt.wikipedia.org/wiki/Rock) mas há quem diga que o ROCK AND ROLL nasceu de vários ícones, como Beatles, Jimi Hendrix e Elvis Presley.

O que não muda mesmo é a legião de adeptos do NOTHING BUT A GOOD TIME que o rock consegue atrair. Seja em festivais, shows, reuniões, bares, baladas ou festas. Se a idéia é juntar muita gente, boa música e agito, a trilha sonora tem que incluir rock and roll.

O que não é nada difícil já que o R N’ R é tão versátil que estendeu suas vertentes para as mais diversas variações musicais, como o folk rock, o blues rock, o jazz rock, o samba rock, mistura brasileira que traz um gingado especial à batida tupiniquim, e o pop, afinal o Rei do Pop, Michael Jackson (que Deus o tenha em bom lugar), esperto e competente como ele só, chamou ninguém menos que Eddie Van Halen para assinar o solo de Beat It e Slash de Black or White.

Poser pride

Seja com letras politizadas marcadas pelos protestos políticos, ou pelos versos repletos de WORDS OF LOVE e cheios de malícia e volúpia, a FEVER do rock transita entre todas as nacionalidades e classes sociais. Desta maneira, o poder de abrangência estrapola a esfera musical e marcando presença no comportamento social e também na moda.

Neste quesito a moda rock já ganhou a indústria e a tríade: camiseta preta, jeans e tachas, sempre acompanhada das longas madeixas ostentadas pelos amantes do SOM, ganhou as passarelas. Grandes marcas como Herchovitch, Cavalera, Colcci (e segue a lista) trazem referências roqueiras em suas produções. Mas não é só o rock que está na moda, agora está na moda ter um pé no rock and roll, tanto é que cantores que nunca estariam presentes em um festival de rock não se rendem aos encantos de grandes hinos do ritmo como I LOVE ROCK AND ROLL, entoado pela polêmica Britney Spears (OH, MY GOD tenha piedade!), ou YOU SHOOK ME ALL NIGTH LONG, que já teve seus versos na voz de Shania Twain.

Mesmo que minha MAMA SAID que o rock é coisa do capeta e que seus seguidores têm SYMPATHY FOR THE DEVIL, I BELIEVE que foi QUICKSAND JESUS, LORD OF LIGHT, ou melhor, GOD GAVE ROCK AND ROLL TO YOU e que ele está sempre ALIVE no ANGRY HEART dos BAD BOYS.

DETROIT, digo, São Paulo ROCK CITY!

Não há fronteiras para a abrangência do rock, seja nas STREETS OF LONDON, na AVENIDA PAULISTA em HOLLYWOOD, ou GOING TO BRAZIL. Aliás, quem é paulistano sabe que os roqueiros parecem ANGELs que caíram do HEAVEN diretamente para as ruas de São Paulo, por isso o que não falta é balada dedicada ao ritmo por essas bandas. Como traz a matéria do Guia da Folha, aqui tem point para agradar os "headbangers", os topetudos do rockabilly, a tribo "toca-Raul" e até os indies mais coloridos. C´MON EVERYBODY!

Outro bom passeio para os TURBOLOVERs do rock é conferir um Elvis Presley em tamanho real feita pela artista Leila Boas, na Galeria do Rock, região central da cidade. COME ON e LET´S GO, pessoal!

HEY, BABY, mas não é somente o rock que pode bradar em alto e bom som um sonoro grito de: ENVELHEÇO NA CIDADE. A Kiss FM, a única rádio rock paulistana, também comemora aniversário e lança uma promoção que sorteia uma guitarra Fender por dia, até o fim do mês.

Deu pra perceber que comemoração é o que não falta neste dia do velhinho, né?! Que esta data se repita por muitos e muitos anos e LONG LIVE ROCK AND ROLL!



P.S: E aí, descobriu quais bandas cantam as músicas escritas em caixa alta ao longo do texto? Então deixe as respostas nos comentários. ;)

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Efeito Barack Obama

Olá amigos, sei que percebem o quanto estou ausente, mas estou de volta! Agora falo de internet e tudo o que cerca esse maravilhoso mundo da web, que pode ser fascinante e assustador ao mesmo tempo. Hoje, vou aproveitar um tema que foi aprovado ontem na Câmara dos Deputados. Trata-se da liberação, com ressalvas, das campanhas políticas na web.

Certamente vocês se lembram do fenômeno "Obama" e o estardalhaço que ele causou no modo de se fazer campanhas políticas. O uso da internet como canal de comunicação hoje está mais importante do que nunca e já tendência eem vários países do mundo.

Agora chegou a vez do Brasil.

Pois é, em 2010 é isso que vai acontecer no Brasil e nós assistiremos uma enxurrada de blogs, comunidades no Orkut, canais no Youtube e perfis no Twitter falando sobre as propostas e tentando convencer o eleitor a votar naquele candidato.

Mas e aí? Será que o caminho é só o Spam? Ou dá para ter uma comunicação transparente onde o desafio é ouvir e ser ouvido?

Para tentar entender isso, uma amiga minha foi para Brasilia entrevistar alguns deputados sobre o assunto (outros vídeos estão disponíveis em www.youtube.com/larasqueff).






Será que os eleitores estão preparados para isso? E os políticos, saberão usar essa maravilhosa ferramenta com inteligência?

Perguntas que serão respondidas apenas em 2010...

segunda-feira, 6 de julho de 2009

MARVELS e dicas para Julho

Ser crítico de histórias em quadrinhos às vezes é uma tarefa difícil, mas em outras rende momentos prazerosos, sendo que um desses é poder falar justamente daquilo que mais se gosta, e, não por acaso, achei que em um momento e que as histórias em quadrinhos dos personagens que representam o mundos dos super heróis estarem passando por um momento um tanto confuso, é muito oportuno falar das obras primas que servem como referencia não só para nós, como que para o público em geral.

Marvels tem como um de seus maiores objetivos o de que não se pode vulgarizar o mito, muito pelo contrário, na maioria das vezes, herói tem que ser herói, pode ser que haja um momento mais intimista, sem combates, sem atos que afrontam o senso comum, sem grandes lances de moralidade. Se não há tais características em alguma história de super herói para que serviriam a sua existência?

Há mais ou menos 10 anos atrás foi lançada esta obra-prima dos quadrinhos, em um lance felicíssimo da já conhecida casa das idéias. Mas o aspecto que me leva a falar de Marvels é o que mais me motiva em quadrinhosde super heróis, que é a revitalização dos mitos que mantém viva a chamas do heroísmo, mas de um ponto de vista que até o hoje dia me parece pouco utilizado, pois do que seriam os super heróis se não tivessem bons coadjuvantes, e esse é a principal característica da obra, apesar de mitológica, é uma história basicamente calcada em coadjuvantes. Não é preciso nem falar que o roteiro é muito bom, mérito do competente Kurt Busiek (que é um dos melhores na nobre arte de escrever roteiros nos quadrinhos atualmente, ao lado do Grant Morrison, Garth Ennis e Brian Michael Bendis, em minha humilde opinião lógico), que sintetiza em uma única Graphic Novel toda a mitologia dos super heróis que fizeram a fama da Marvel, mas a pintura hiperrealista de Alex Ross dá o tom da obra, aonde se sobressai até as costuras do uniforme do Capitão América e as chamas do Tocha humana.

Mas o que me faz ressaltar a obra é o seu lirismo, sua classe, sem apelar para o grosseiro, com muitas referências pop (os Beatles no casamento de Red e Susan Richards é uma ótima sacada), é uma obra que é fácil de ler, sem pieguices ou contratempos. Está tudo lá, conflitos entre os heróis e os seres humanos, anti-heróis, preconceitos exacerbados (o lance da menina mutante é o mais marcante de toda a história) e o máximo de drama e heroísmo na visão de pessoas comuns, é como uma espécie de mea culpa, mas transmitida com qualidade.

A obra lançou para fama o grande Alex Ross, cuja arte, até agora, não tem concorrentes, mas sim alguns maus imitadores por assim dizer, seu estilo me lembra de certa maneira as obras do classicismo, com suas facetas realista, os ângulos cinematográficos (uma singela homenagem a Eisner), a utilização das cores, aliás, deve-se comentar que a história não inventa, mas reaquece a apreciação das figuras mitológicas, e de como estes personagens estão enraizados no nosso universo atual, pois não são os quadrinhos uma espécie de releitura das lendas mitológicas, mas com um toque de novo? Pois não eram os deuses os únicos capazes de realizar coisas incríveis e maravilhosas?

Leiam ou releiam Marvels e descubram as maravilhas, pessoalmente.


Dicas para ler no mês

Sargento Rock de Joe Kubert e Peter Carlsson: obra obrigatória, personagem marcante.

Halo Uprising 01: a história é fraca, mas tem Master chief, e desenhos marcantes do grandeee Alex Maleev, com roteiro meio capenga do grande Brian Michael Bendis, mas vale pelo inusitado.

O Pasquim 40 anos: obra mais que obrigatória, com Henfil e companhia.

Para o infinito e além...

Entre Anjos e Panteras

Marco de uma geração por mostrar mulheres dentro de um universo tipicamente masculino, As Panteras (Charlie's Angels) conta a histórias de três detetives saídas da academia de polícia com honras, que foram recrutadas pelo milionário Charlie Towsend para trabalhar em sua agência de investigações, por acreditar que o talento das moças estava sendo desperdiçado na polícia.

A inteligente líder do grupo era Sabrina Duncan (Kate Jackson). A princípio Sabrina teria um papel de maior destaque, já que a atriz Kate Jackson já era bem conhecida nas TVs americanas. Inclusive a atriz recebia um salário duas vezes maior do que o de suas colegas. Os produtores não contavam com o sucesso de Jill Munroe (Farrah Fawcett), a pantera mais sedutora. Farrah foi quem realmente teve sua carreira deslanchada, especialmente após seu famoso poster do maiô vermelho. A permanência da atriz na série, porém durou pouco. Ao final da primeira temporada ela rompeu seu contrato de cinco anos, pois não gostou do rumo que seu personagem estava tomando na série. A última pantera e única que permaneceu durante todas as temporadas é Kelly Garrett (Jaclyn Smith), considerada ao mesmo tempo durona e sensível.

Além das três panteras, temos também John Bosley (David Doyle) como assistente de Charlie e chefe das detetives. Falando em Charlie, ele era o maior mistério da série. Somente sua voz é ouvida nos episódios e, por mais que tentassem, nenhuma das garotas conseguiram descobrir quem ele realmente era.

A série estreou em 22 de setembro de 1976 e foi ao ar até 1981, durando cinco temporadas. Nesse tempo tivemos 6 panteras. Com a saída de Farrah Fawcett, Cheryl Ladd se juntou ao elenco como Kris Munroe, irmã de Jill. Ao final da terceira temporada, foi a vez de Kate Jackson deixar o grupo. Sua primeira substituta, Shelley Hack, no papel de Tiffany Welles, não agradou ao público e logo deu lugar a Tanya Roberts interpretando Julie Rogers.

Farrah fez algumas participações na série após sua saída como pagamento de um acordo por quebra de contrato e sua presença deixou tanto os fãs quanto a imprensa, que aproveitou para lançar rumores sobre a tensão no set de filmagem, empolgada.

A febre causada pelo programa foi enorme. Não demorou para aparecer uma série de produtos, que íam de lancheiras a produtos de beleza, com a imagem das atrizes, que também eram muito procuradas para aparecerem em revistas e comerciais de TV. Mais do isso, As Panteras ditou moda. Do corte de cabelo ao figurino, elas eram seguidas e copiadas por mulheres que identificavam na inteligência e habilidade das personagens todo o potencial que elas mesmas tinham.

Após o final da série, o produtor Aaron Speling tentou fazer uma nova versão no final dos anos 80 chamada Angels' 88, mas esta nunca chegou a ser exibida. Nas telonas, As Panteras ganharam dois filmes, que contavam com as atrizes Cameron Diaz, Drew Barrymore e Lucy Liu como protagonistas.

Onde assistir?
TV a cabo: TCM
DVDs: Apenas dois episódios, "Para Matar Uma Pantera" e "A Noite Do Estrangulador", estão disponíveis no DVD As Panteras - A Série.

Curiosidades:
- Dois desenhos animados se inspiraram na série: Capitão Caverna e as Panterinhas, produzido por Hanna Barbera e Três Espiãs Demais.
- A atriz Michelle Pfeiffer fez testes e quase conseguiu o papel que ficaria com Tanya Roberts.
- Alguns nomes conhecidos que fizeram participações especiais são: Kim Basinger (Angels in Chains), Jamie Lee Curtis (Winning Is for Losers), Tom Selleck (Target: Angels) e Tommy Lee Jones (Pilot)

Dados técnicos:
Duração: 5 temporadas
Total de episódios: 116
Criadores: Aaron Speling, Leonard Goldberg, Ivan Coff e Ben Roberts
Elenco principal:
Sabrina Duncan: Kate Jackson
Kelly Garrett: Jaclyn Smith
Jill Munroe: Farrah Fawcett
John Bosley: David Doyle
Kris Munroe: Cheryl Ladd
Tiffany Welles: Shelley Hack
Julie Rogers: Tanya Roberts
Charlie Townsend: John Forsythe (voz)

quarta-feira, 1 de julho de 2009

A Infância de Ivan

Hoje quero falar sobre um clássico do cinema russo: A Infância de Ivan, o longa-metragem de estréia do genial diretor Andrei Tarkovsky. Em seu primeiro longa Tarkovsky aborda a Segunda Guerra Mundial através da infância perdida de um menino de 12 anos. Personificado magistralmente pelo jovem Nikolai Burlyayev, Ivan, já órfão de pai, perde também a mãe e a irmã, assassinadas por soldados nazistas durante a segunda guerra. Vaga sem lar e sem família, é “adotado” por combatentes guerrilheiros e acaba por se juntar ao exército russo, atuando na linha de frente como espião das posições alemãs. Tudo isso com apenas 12 anos.

Ivan torna-se, na precocidade da vida arrasada, uma máscara indissolúvel de dureza e ódio, por trás da qual vicejam a tristeza e a solidão de uma criança roubada de si mesma. Tarkovsky constrói a dualidade de Ivan através do contraponto entre seus sonhos - memória e desejo de uma infância feliz ao lado da mãe e da irmã -, e sua realidade - na qual se mostra um jovem destituído de qualquer ilusão, irremovível na sua obstinada busca por uma vingança.

O olhar duro, a ausência de sorriso, a fala imperativa e a postura inflexível fazem de Ivan o resultado da guerra, o destroçamento de qualquer esperança, mesmo na possibilidade – ainda incerta, durante o filme – de uma vitória sobre os nazistas. Ao tentar ser convencido a ir para uma escola militar, deixando de atuar na linha de frente, Ivan reage com uma impressionante veemência, expressando claramente o quanto não lhe resta mais de ilusões: “só os covardes descansam em tempo de guerra”.

Ao contrário de qualquer estereótipo da criança órfã de guerra (sofrida, vivendo uma triste e miserável jornada pela sobrevivência ou desolada pelo sofrimento impingido pela vida), Ivan incorpora a transformação oposta, o viés pela fortificação, pela blindagem. Abandona sem hesitar qualquer medo. E vê à sua frente somente a guerra, e tem como sua única opção a luta.

Ivan não é um bravo e destemido herói. É apenas uma criança de 12 anos a quem tiraram a vida e deram a guerra. E ele faz disso sua demanda, pois não tem qualquer outra alternativa, nem qualquer outra ilusão.

Indo além da construção de Ivan como espólio da tragédia da guerra, Tarkovsky constrói também uma obra de arte impressionante, mostrando-se um genial artista no uso da câmera como instrumento de narrativa e de expressão simbólica. O que se vê, desde os primeiros planos é um grande domínio da profundidade de campo e do plano-seqüência, além da utilização de um agudo expressionismo. Como na cena em que Ivan acorda do primeiro sonho, logo no início do filme, e se depara com a realidade novamente. O ângulo inclinado da câmera durante a fuga de Ivan para a outra margem do rio denota claramente a estranheza do novo mundo, o desconcerto da realidade em tempos de guerra. Outro exemplo expressivo é quando Ivan chega a uma base russa exigindo, autoritariamente, que avisem determinado oficial de sua presença na base. Quando finalmente é identificado, passa a escrever códigos militares, enquanto um jovem oficial prepara seu banho. Nesta cena, o uso da profundidade de campo nos apresenta um Ivan agigantado em primeiro plano, com o jovem oficial ao fundo apequenado diante da imponência de um garoto de apenas 12 anos.

É notável também, durante todo o filme, que quase nunca o diretor se utiliza da fórmula campo/contra-campo para os diálogos. Ao invés disso a narrativa se lança em elaborados movimentos de câmera e dos atores. Um jogo de cena exuberante, através do qual, entre pausas e reentradas, constrói-se com perfeição o clima de uma cena através do jogo dos personagens. É com esse recurso que Tarkovsky monta uma das mais belas seqüências da história do cinema, quando o oficial russo corteja a jovem Macha. Toda a seqüência se passa num bosque e é composta de vários planos-sequências com magistrais movimentos de câmera, que culminam com um beijo plasticamente antológico.

Assim, o que impressiona em A Infância de Ivan não é apenas a expressividade do jovem ator na composição de um personagem marcante, mas também a expressividade de todo o filme, onde a cada plano o diretor constrói uma pequena obra de arte e uma aula de estética cinematográfica. E isso tudo em seu longa de estréia, dando desde já a dimensão do gênio que viria a ser o Andrei Tarkovsky.
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A Infância de Ivan (Ivanovo Detstvo)
Dir.: Andrei Tarkovsky
União Soviética / 1962
95 min.