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quarta-feira, 22 de julho de 2009

Nas Asas do Destino - entrevista com Maíra Viana

Foto: Vinicius Campos

Ela tem a cabeça cheia de cores. Diversas como um arco-íris, as nuances se dividem, multiplicando-se nos mais variados tons. Somadas, uma a uma, cada palavras ganhou forma e a mente dela ficou alagada por uma enxurrada de poesia. Sem saber o que fazer, ela pôs as letras para secar no varal, pintando o céu do quintal de casa. Ela coloriu a própria realidade. Sentada na frente do computador, ela nem percebeu a nova vida que acabara de inventar. Ela voou e conheceu mil cidades. Suas cores pintaram milhões de frases. As palavras viraram livro. Viraram música. Milhares de bocas cantaram suas cores. Então, suas palavras se dividiram em outra vida. Multiplicando em cena, no palco de um teatro.


Esta é a história da Menina Maíra, inspirada na vida de Maíra Viana Barros, autora da peça Sinos Imaginários, em cartaz em São Paulo. “Sinos Imaginários desenha o ritual de passagem de Clariana. Uma jovem escritora que, reclusa em seu apartamento, passa o tempo a imaginar histórias para seus livros. A realidade dela começa a se confundir com a própria ficção quando se depara com um de seus personagens bem no meio da sala. O diálogo é inevitável e, logo em seguida, outros personagens passam a “invadir” seu mundo, outrora tão vazio, e insistem em lhe dizer algumas verdades que inteferem em sua vida, suas decisões, seu futuro. A história de Clariana não é só mais uma história no mundo das histórias. A história de Clariana é a história de todos nós!”

Metade Clariana e metade Menina Esquisita, a Menina Maíra, digo Maíra Viana nos recebeu nos bastidores de seu espetáculo e nos convidou a conhecer sua lépida aventura no mundo da dramaturgia. Confira a entrevista:

ComTatos: Como você decidiu fazer a peça?
Maíra Viana: Bom, um pouco antes de fazer a peça eu lancei o livro O “Teatro Mágico em Palavras”, em 2007, e comecei a vender na lojinha da banda. No final de cada show eram 60, 80 livros vendidos. O livro atingiu a marca de 6 mil exemplares vendidos de modo independente. O público começou a pedir para eu escrever mais, para eu dar continuidade a esse trabalho, mas eu não queria fazer um “O Teatro Mágico em Palavras 2”. Então, fiquei pensando em como aquelas histórias poderiam render e dentre as várias possibilidades artísticas vi que o teatro poderia ser uma delas.

ComTatos: Mas tem uma história inusitada, de uma noite de insônia no ônibus não tem?
Maíra Viana: Risos, é a gente estava indo para Vitória, no Espírito Santo. Era uma viagem longa, cansativa e tarde da noite, todo mundo estava dormindo, só eu estava acordada. Aí, lembrei de uma conversa que tive com o Rober (Rober Tosta, ator e performance circense do grupo Teatro Mágico), em que ele me disse para eu fazer uma peça, pois ele estava com saudade de atuar.

Fiquei imaginando como costurar as histórias do livro e comecei a reler os contos. Eis que surgiu a história de uma escritora que começa a interagir com seus personagens. Selecionei os contos mais legais do livro para usar na peça e, no fim das contas, o resultado ficou bem bacana, completo e sutil. Sinos imaginários é nome de um texto do livro, que conta a história da Menina Esquisita, uma personagem da peça. Achei o nome legal porque os personagens que surgem na vida conflituosa dessas escritora agem como sinos tocando na cabeça dela, mostram algumas soluções.


ComTatos: E o Menino Varrido? Ele era um personagem do livro, foi para a peça e agora ganhou um livro infantil, que você está lançando em parceria com a Livraria Saraiva. Como é essa história?
Maíra Viana: Ah, foi algo bem inusitado. Depois de um show, ainda no camarim, o Anitelli pôs uma lanterna no rosto e contou a história para câmera Aí gente jogou esse vídeo no Youtube. Então um editor da Livraria Saraiva estava navegando na internet e caiu na minha página. Ele não sabia o que era o Teatro Mágico, mas ouviu a história e achou que aquilo dava um livro infantil maravilhoso. O livro é todo colorido, grande, com um papel bonito. É o meu segundo livro, mas agora tem uma editora, vai estar em várias livraria do Brasil, é um processo bem diferente do primeiro. Aliás, o editor me contou que teve dificuldade em encontrar meus contatos e foi aí que eu percebi que era a hora de ter mais que um blog e ter um site. Foi aí que fiz o mairaviana.com.br que reúne todo o meu trabalho, meus contatos, vídeos, crônicas, o blog.Tô favorecendo a sorte para que as coisas aconteçam.

ComTatos: Como é escrever para criança?
Maíra Viana: Eu nunca escrevi nada voltado para criança. O conto do Menino Varrido foi imaginado de outra forma, para adultos. Mas quando eu recebi o convite e os desenhos começaram a surgir, cheios de cores... Fui achando aquilo tão mágico, tão lindo que resolvi que vou escrever para criança. Então, já escrevi um outro livro, chamado “Olho de Peixe” que ainda está guardado, sendo ilustrado por uma amiga minha, mas não tem editora ainda, não tem data, nem nada. Ele só existe, a história existe e foi escrita para uma criança compreender, estou gostando de seguir essa linha.

ComTatos: Você recebe sugestões de fãs? Eles te mandam ideias?
Maíra Viana: Tem sim. Desde fã que me convida para compor algo em parceria até gente que entra em contato para me mostrar seus poemas, suas músicas.Sempre que posso eu respondo, porque é muito legal ter esse contato com as pessoas que me lêem. Tem também as pessoas que me escrevem para poder usar um texto meu em uma apresentação na escola, no curso de teatro. Eu deixo, claro, é só por os créditos, isso é divulgação do meu trabalho. E na verdade, essas atitudes é o que fazem a gente estar onde a gente está, porque o Teatro Mágico virou um fenômeno mas não está na mídia. Não é, como por exemplo, a Ivete Sangalo que está na grande mídia. Isso ajuda na nossa divulgação.

ComTatos: O Teatro Mágico foi um marco na sua vida, o início a um trabalho muito bonito. Como foi trabalhar com a banda? Você ainda tem outros projetos não incluem o Teatro Mágico?
Emocionada, como sempre fica ao falar do Teatro Mágico, Maíra Viana responde: O Teatro Mágico é uma trupe de artistas das mais variadas vertentes. Tem o cara que é um palhaço, mas que quer fazer teatro. Tem outro que compõe. Tem um percussionista que faz performances. É uma galera que tem muito talento e faz muitas outras coisas além do que faz no Teatro Mágico. Muitos artistas já passaram pelo TM e hoje estão com trabalhos independentes. O TM é um movimento cultural as pessoas passam por ele, pegam o que tem para pegar de lá, faz suas trocas e saem dali transcendendo cultura. O meu processo não foi diferente disso. Eu fiquei 5 anos ligada à produção. Nunca achei que eu fosse artista, nunca pensei que fosse ser uma escritora. Eu comecei a ajudar o Fernando (Anitelli) quando eu o conheci pela internet. Eu tinha um blog (o Vergonha dos Pés) e, um dia, o Fernando estava navegando, leu minhas coisas, se encantou e me mandou uma mensagem dizendo que tudo que eu escrevia era lindo e que tinha tudo a ver com o projeto que ele tava começando.


ComTatos: Para finalizar, qual dica você dá para quem está começando a escrever?
Maíra Viana: Eu sempre falo, primeiro passo é fazer um blog. Põe na internet, pega o que você escreve, publica lá e divulga. Manda o link para o máximo de pessoas que você puder. Usa o Twitter, o Orkut. A maioria das pessoas não vai ver, mas qualquer um que lhe visitar, comentar, já é legal para você. A internet foi um anjo da guarda para mim e hoje, ela é ferramenta de comunicação do momento.

P.S: Dados do podcast: texto por Nathalya Buracoff. Interpretação Ronaldo Junior. Música: Acendendo Velas, da trilha sonora da peça Sinos Imaginários. Autoria: Fábio Mauro e Nick Gutierrez.


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2 comentários:

Vitor disse...

"Viver histórias na sua imaginação é o melhor jeito de você encontrar o caminho certo para sua vida".

Vitor
vitinhoww@gmail.com

nostodoslemos disse...

Olá!
Em 'nos todos lemos' tem menina 'Maria'... parecido... apenas uma troca de letras...
Boa semana!
Parabés pelo bom humor...