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quinta-feira, 29 de julho de 2010

É o Praça do Correio?

Dia desses, um amigo estava tentando me convencer a ir pro bar (como se uma coisa dessas precisasse de convencimento...) e me falou de um ônibus que passa ao lado de onde ele estava e que pára na frente de casa. No meio dos argumentos eu falei que tinha mil coisas pra fazer, além do basicão tomar banho, jantar, dormir. No meio da conversa, constatamos que fazia tempos que não nos falávamos. Porque, ultimamente, a gente só se via em turmas e nessas reuniões ninguém conversa direito com ninguém.

Comentamos sobre o que gostaríamos de falar no bar. Falei da minha TPM e das minhas aulas. Ele falou dos projetos de foto e da faculdade. Comparamos as agendas para ver se vai demorar muito para conversamos. Falamos de expectativas. De planos, objetivos, ânsias. Precisávamos da opinião do outro porque, às vezes, você tem dúvidas quanto às suas certezas. E é para isso que servem os amigos, né?! Para apontar o invisível que a gente ignora. Aí que eu vi que, tanto eu quanto ele, queríamos falar sobre a mesma coisa: as incertezas.

Tenho certeza que todo mundo tem uma incerteza que apetece o sorriso. Um aperto no peito antes de dormir. Ao menos uma vez por mês. Porque ninguém sabe se está mesmo no rumo certo. Às vezes você sabe. Às vezes, é uma crença e você quer mesmo que esteja certo. Às vezes é um sentimento, quase uma superstição do tipo “só pode ser”. Mas saber mesmo, sempre, ninguém sabe. E não sabe porque a vida é tentativa e erro. É aposta, é jogo. Tem hora que é forca. Tem hora que é xadrez. E nas horas em que a vida é batalha naval eu queria que ela fosse amarelinha.

Ninguém sabe o caminho para suas certezas. Ele pode passar pela Praça do Correio e te deixar num bar. Ou ela pode pegar aquele caminho pela Rio Branco e seguir reto toda a vida. Não tem motorista que dirige devagar, para que você possa reparar se está perto do ponto. Porque a vida não tem itinerário e ninguém sabe se esse ônibus é mesmo o “Praça do Correio”.