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quinta-feira, 30 de julho de 2009

Royal straight flush


Cultura pode ser definida como um conjunto de padrões de comportamento, conhecimentos e costumes que distinguem um grupo social. Existem diferentes tipo de cultura em todos os setores da sociedade: cultura erudita, cultura popular, cultura artística, contracultura... A cultura está tão presente no nosso cotidiano que, às vezes, nem sabemos se determinado assunto é ou não cultura, como é o caso do (querido) baralho. O antigo jogo de 52 cartas é um marco em uma das mais tradicionais e dominantes manifestações da cultura moderna: a cultura de boteco.

Mesmo quem não bebe sabe jogar baralho. E mesmo antes de aprender a beber, você já sabe jogar baralho. Comigo foi assim. Comecei com um inocente jogo de vinte e um ou pif paf para espantar o tédio nos dias chuvosos em família na praia. Quando menos esperava, já estava cabulando aula para jogar truco com a galera. Agora, faço parte do tradicional torneio de tranca realizado nos churrasco dominicais no Guigo´s Bar, digo, na casa do meu avô.

Como a cultura une as pessoas, baralho também é cultura. Este fim de semana aprendi a jogar Uno com meus primos. Ficamos até altas horas no carteado, quando me lembrei que já sabia jogar uno, mas no baralho, conhecido como mau-mau, que segue as mesmas regras, mas as cores são representadas pelos naipes e as cartas especiais são representadas pelo rei, dama, valete e às.

Confesso que a jogatina estreitou o ComTato com os priminhos e deixou minha madrugada muito mais alegre.
As origens do carteado
Como toda manifestação cultural tem seu desenvolvimento marcado ao longo da história, o baralho também está há séculos entretendo o povo. Há relatos de que os jogos de cartas surgiram na China, em meados do século X. Depois de 400 anos, chegou a vez da Europa conhecer o jogo, levado pelos árabes, que adaptaram o baralho chinês. Já o baralho moderno mais usado nos países lusófonos possui 52 cartas, divididas em 4 naipes com 13 cartas. Sua origem é datada do século XVI, na França. Naquela época, vários países europeus tinham suas versões dos naipes, mas como os logotipos franceses eram mais simples, ganharam popularidade e foram adotados em outras nações. Hoje, os naipes são uma mistura das versões espanhola e francesa: os nomes dos naipes vieram do espanhol, mas os símbolos são franceses.

As cartas nobres existem desde que os árabes incluíram pessoas da corte no baralho. No baralho atual, as personagens são francesas: o servo real, valete (V), dama (D) e rei (R), porém, representadas com letras do baralho inglês: J ( Jack = valete, em inglês), Q ( Queen = rainha ) e K ( King = re)i. Acredita-se que cada figura representa um personagem em especial. O rei de ouros é a figura de Júlio César, o rei de Espadas seria Davi, o rei de Copas representa Carlos Magno e o rei de paus Alexandre, o Grande. (mais aqui)

Já para o coringa há duas teorias: a de que ele seria o “louco”, carta do baralho italiano sem naipe ou número; ou que teria origem inglesa, datada do século 19, oriunda de carta “imperial bower”, que triunfa sobre todas as outras.

Diversas expressões na nossa língua refletem a forte influencia do baralho, como o título de “carta fora do baralho” ou o ato de “descartar”. Aliás, dizem os irrefutáveis teóricos de boteco que a palavra “descartar”, que traduz uma ação muito usada em jogos de baralho, é oriunda do filósofo e matemático René Descartes, tido como o fundador da filosofia moderna e pai da geometria analítica e do sistema de coordenadas. Reza a lenda que Descartes, então com 22 anos, teria desenvolvido os pilares de suas teorias em meio às intermináveis noites de carteado nos antigos bares de Paris.

Amantes das cartas

Popularizado no mundo todo, o baralho virou marca registrada de diversos personagens, como mágicos e ilusionistas que fascinam suas platéias com truques em suas cartas. Os quadrinhos e suas adaptações para o cinema também retratam personagens amantes do baralho como Coringa, vilão e quiçá alter-ego de Batman, e o mutante Gambit de X-Men.

O jogo de baralho mais popular no mundo moderno é o pôquer, comumente jogado em cassinos. O pôquer tem torneios internacionais, movimenta cifras gigantescas e seus jogos são até televisionados. Mas longe do glamour do jogo de fichinhas, aqui nos bares de Sampa, o jogo mais comum é o truco, que geralmente é acompanhado de alguns sinais característicos (como piscadelas e mostradas de língua), doses de cerveja e frases como “Seis, ladrão!”, ditas em alto e bom som com a finalidade de provocar o adversário. E você, qual seu jogo de baralho predileto?

*P.S: Royal straight flush é a jogada mais valiosa do pôquer (foto inicial)

4 comentários:

Ricardo Moreira Leite disse...

Nathy, passo horas e horas na ESPN vendo os torneios de POker. Só preciso aprender a jogar na prática.

Bora pra uma jogatina?

bj

Nádia Tamanaha disse...

Eu também aprendi a jogar baralho antes de aprender a beber hahaha Eu esqueci como joga Truco, mas adoro Buraco e afins. Topo uma jogatina hahaha

Beijo

Nathalya Buracoff disse...

Aeeee tamo montando o time já!! Eu valorizo mto os jogos de azar.. =P. Como diz m amigo meu: Só bebo e fumo quando jogo. Fora isso não tenho vícios.

Ronaldo Junior disse...

Domingo terá jogatina?