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quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Por trás dos óculos

Arnaldo Angeli Filho, o famosíssimo Angeli, nasceu em São Paulo, em 31 de agosto de 1956, e é um dos mais conhecidos chargistas brasileiros e, por conseqüência, um dos maiores ícones das histórias em quadrinhos nacionais. Ou vocês acham que Maurício de Sousa reinava sozinho, em berço esplêndido? Ledo engano.

Angeli, que, na minha humilde opinião, pode ser considerado o “Michael Jackson” dos quadrinhos nacionais, começou a sua brilhante trajetória desde muito cedo, mais precisamente, a
partir dos 14 anos, na revista Senhor, além de colaborar com diversos fanzines. A partir de 1973 foi contratado pelo jornal Folha de São Paulo, onde até hoje publica suas charges que turvam a cabeça dos políticos brasileiros, com suas críticas ácidas e mordazes.
Ele é criador de uma gama de personagens carismáticos, desenvolvidos a partir dos anos 80, como o grande esquerdista Meia Oito e Nanico, o seu parceiro homossexual enrustido (vixe...), a lendária Rê Bordosa, os Skrotinhos, Wood & Stock, Bibelô, Walter Ego ( esse, o meu favorito), Osgarmo, Los Três Amigos e o punk Bob Cuspe.
Ele mesmo se tornou sua própria criatura, nas tiras conhecidas como "Angeli em crise", uma espécie de visão ácida da vida cotidiana que cerca uma pessoa comum e ao mesmo tempo anárquica.


Publicou pela Circo Editorial, em 1983, a revista "Chiclete com Banana", um enorme sucesso editorial, cuja a tiragem já beirou os 110.000, exemplares e contava com a colaboração de gente do quilate de Luiz Gê, Glauco, Roberto Paiva, Glauco Mattoso e Laerte Coutinho. Hoje, A Chiclete com Banana é considerada, pela maioria dos críticos, uma das mais importantes publicações de quadrinhos adultos editadas no Brasil.


As tiras criadas por Angeli já foram publicadas na Alemanha, França, Itália, Espanha e Argentina, tendo tido enorme sucesso em Portugal, e ganharam até uma compilação de seu trabalho, lançada pela editora Devir em 2000 ( mesmo ano em que presenciou a estreia de uma série de animação com os seus personagens em uma co-produção da TV Cultura com a produtora portuguesa Animanostra).


Angeli também
trabalhou na Rede Globo, como redator do programa infantil TV Colosso (1993-1996). Na mesma rede, entre 1995 a 2005, fez desenhos de 5 segundos, que apareciam nos intervalos dos filmes da emissora.

Atualmente, Angeli é um artista exclusivo do site UOL e colabora diariamente com o Diário de Notícias de Lisboa. Do autor, a editora Devir/Jacaranda já publicou quatro volumes de sua coleção Sobras Completas que, com 19 livros programados, registra as melhores tiras de seus personagens. Vários são os políticos satirizados pelo artista, mas o seu preferido, talvez seja o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, com menção honrosa para Itamar Franco e Lula. Mas tenho que dizer que a charge do atual governador José Serra é impagável.


Aproveitando o aniversário do grande artista, que tal deixar um recado em sua página o UOL e apreciar suas brilhantes charges? Além de conferir uma amostra do que há de maior em matéria de crítica aos políticos mau-caráter que se espalham pelo país.

Angeli é um baluarte da crítica inteligente, do humor ácido, da posição sempre coerente, sempre muito lúcida e que, infelizmente, vem rareando nessas terras em que Cabral perdeu as botas. Os nosso parabéns, e que continue importunando todos os moradores de Brasília. Dá-lhe Angeli!

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