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quinta-feira, 8 de outubro de 2009
Doce vingança
No início da ocupação alemã na França, Shosanna Dreyfus testemunha a execução de sua família pelo coronel nazista Hans Landa. Ela consegue escapar e foge para Paris, muda de nome e vira dona de um pequeno cinema. Em outro lugar do continente, o tenente Aldo Raine organiza um grupo de soldados judeus americanos para colocar em prática um plano de vingança. Posteriormente conhecido pelos alemães como os "Os Bastardos", o grupo se junta à atriz alemã e à agente secreta Bridget Von Hammersmark em uma missão para eliminar os líderes do Terceiro Reich. Por força do destino, todos se encontram no mesmo cinema em que Shosanna tramou um plano de vingança próprio.
Esta é a sinopse de “Bastardos Inglórios”, o novo filme de Quentin Tarantino, estrelado por Brad Pitt. O longa já arrecadou US$ 245 milhões nas bilheterias desde seu lançamento, em agosto, e ganhará as telas brasileiras nesta sexta-feira. Não vi o filme. Mas é justamente este o sentido deste post – a expectativa.
Assim como em Kill Bill 1 e Kill Bill 2 , Bastardos tem uma trilha sonora ótima, ostentando as estrelas de Isaac Hayes e de Ennio Morricone. Pô, até o Ed Motta queria ter uma trilha sonora com a participação de Morricone!
Mal posso esperar para ver os enquadramentos cuidadosamente desenhados, as conversas sagazes e a sutileza brutal com que Tarantino dialoga em suas poesias de montagem. Eu sou suspeita para falar do Tarantino desde quando era uma garotinha que decidiu que queria ser caça-vampiros quando crescesse após assistir um Drink no Inferno. Talvez por isso eu não me choco com filmes que respingam sangue das telas de cinema. Ao contrário, até gosto. Segundo Tarantino, "Se a violência é parte do meu estilo como artista isso é uma questão de estética". E se ele - que concebe - usa a violência como recurso, sem peso na consciência, eu - que assisto - não reclamo do excesso de pancadaria nem do tiroteio gratuito. De onde será que ele tira tanta brutalidade, com tanto vigor?
O melhor de tudo é que Tarantino está de volta ao gênero vingativo motherfucka! Não é a saga da noiva para matar quem “a matou” e sim uma desforra histórica. (E para quem tem uma família que chegou ao Brasil fugindo da guerra isso tem um significado maior.) É o cinema salvando o mundo de modo brutal, eficaz, certeiro, sanguinário! Yeah!
Não, não sou uma pessoa vingativa. Nem violenta. E talvez seja por isso que eu gosto tanto de Tarantino. Porque com ele eu me vingo de tudo aquilo que não posso fazer na vida real. É como uma terapia. Quem nunca sentiu vontade de revidar que atire a primeira adaga! Seja no trânsito, na rua, na chuva, na fazenda, ou numa casinha de sapê.
O desejo de vingança é quase uma reação natural à injustiça. O plano de arquitetá-la e colocá-la em prática é que pode ser doentio. Por isso que os filmes de violência anestesiam, agindo como válvula de escape. Quer xingar o chefe que te faz trabalhar feito mula e ainda te paga um salário de fome? Quer brigar com o namorado que te deixa esperando? Tem vontade de socar aquela amiga duas caras do trabalho? Tem vontade de gritar "Fora Sarney!" no meio do expediente? Mas não pode fazer nada disso, porque você é uma pessoa sensata, certo?! Vá ver Bastardos Inglórios e sinta-se vingado nas cenas de pancadaria com o taco de beisebol! Mas lembre-se, segundo Epicuro, "a justiça é a vingança do homem em sociedade, como a vingança é a justiça do homem em estado selvagem."
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5 comentários:
Much More Blood!!! I Like That!!!
That´s my girtl!
Sangue? Sempre é muito bom!
Tudo bem, acho digno que você ainda continue gostando de Tarantino, mesmo depois de saber que ele considera a Lindsay Lohan uma excelente atriz! Acho que todos têm seus momentos de devaneio. Ele deve ter em sua memória doces lembranças de quando ela fez o filme onde tinha uma irmã gêmea. Mas não devemos julgá-lo por sua opinião, normal que tenhamos opiniões diferentes.
hahahah enfim... sim, será um prazer assistir "Bastardos Inglórios", principalmente depois de ler o que você escreveu!
Congratulations my darling!
AhaUhua ele caiu MUITO no meu conceito depois desta declaração infeliz... Ok, disfarça.. acena.. finge que não viu.. =P
Obrigada, dears!
ADOREI. Tanto o texto como o filme. Assim como vc Nathy, sou suspeita para falar do Tarantino. Adoro cada trabalho que ele dirige e produz. O seus diálogos "sem noção", sobre x-burguers ou até mesmo a comparação entre ratos e esquilos, impagável. o Brad então... étá muito bom, mostrou que além de ser um rostinho bonito (e bota bonito nisso0) é um ÓTIMO ator. Nota 10 para o Tarantino e para vc Nathy. De verdade, amei o texto. Evai falar que o gosto da vingança não é doce, mesmo que seja uma vingança que só exista em nossos pensamento???
Beijos
Nossa, Mari! Que surpresa boa te encontrar por aqui! Obrigada pelos elogios, flor. Que bom que vc gostou!! =D Agora que eu já vi o filme, posso falar. Tbm curti =) O que é a atuação do Cristoph Waltz como o coronel nazista Hans Landa?! GENIAL!
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