Para Will, do Quarto Mundo, um coletivo de quadrinistas independentes, “seria ótimo se o autor ficasse só desenhando. Mas, atualmente, você tem que entender do processo de impressão e fazer a sua revista na unha. Ir atrás de patrocínio, gráfica e distribuição.” Ele explica que o Quarto Mundo é um coletivo de autores que se auto-produzem, primando para manter a diversidade de cada um preservada. “O independente não é só uma necessidade é mas do que isso, é um fundamento.”, afirma.
Marcatti completa que o Brasil pode não ter volume de publicação, mas tem diversidade de autores e uma produção de HQ extremamente criativa. “Se tomarmos as rédeas da produção, nos tornaremos vitrine”, diz o quadrinista.
“O bom da cena independente é que as pessoas não se copiam. Elas seguem a própria criatividade. E isso só tem a somar para a diversidade do quadrinho brasileiro”, conclui Will.
Na exposição, há diversas imagens, sendo algumas marcantes no mundo do quadrinho marginal, exibindo-se capas, páginas internas, heróis e anti-heróis, balões, vinhetas, traços famosos e presentes nas mais diversas revistas, como a Boca, Balão, Lodo, Capa, Meia de Seda, Papagaio, As Aventuras de Robert Crumb, Freak, Zap (Acervo da Gibiteca Henfil).
Os quadrinhos marginais começaram a ser publicados nos Estados Unidos no final dos anos 60, tendo a revista Zap Comix, como marco inicial, sendo esta obra publicada e editada por nada mais, nada menos, do que o grande e lendário Robert Crumb. (Aliás, Robert está com uma nova obra a respeito do antigo testamento, mais precisamente sobre o Éden. O material está, surpreendentemente, entre as mais vendidas revistas de HQs nos Estados Unidos, no mês de outubro de 2009.)
Nos anos 70, os quadrinhos marginais tiveram enorme destaque no Brasil, uma vez que na época, diante da ditadura militar que governava o País, eram as referidas revistas o principal crítico aos desmandos o qual eram expostos o público. Quem não se lembra de Henfil, com seus marcantes personagens, como o Fradin, que criticava, de forma corajosa os poderosos que governavam o País?!
Já nos anos 80 e 90, os quadrinhos marginais brasileiros se tornaram referência tanto pela sua criatividade, como pelo seu censo crítico, sendo cultuados, e, por que não copiados por outros ramos dos quadrinhos. Não é por demais dizer que todos os elogios são todos merecidos, portanto, vida longa à marginalidade.
Muitos foram os talentos revelados pelos quadrinhos marginais, artistas importantes, gente graúda como o Laerte, Mutarelli, Angeli, os irmãos Caruso, dentre muito outros. Sua importância para o desenvolvimento dos quadrinhos nacionais é essencial. Portanto, uma visita à mostra, para os apaixonados pelos quadrinhos, é sem dúvida missão obrigatória para o próximo fim de semana livre.
*P.S: Texto escrito por Carlos Alberto e Nathalya Buracoff em visita à Gibiteca Henfil no centro Cultural São Paulo.