Imagine um lugar repleto de Quadrinhos, onde você pode encontrar as mais belas obras da Nona Arte. Esse lugar é a Gibiteca Henfil, localizada no Centro Cultural São Paulo, e detém um acervo de aproximadamente 121 mil exemplares.
Bate-Papo Inicial
Reaberta a visitação há menos dois meses, a Gibiteca recebeu nossa visita, e, para nossa grata surpresa, nos deparamos com um dos maiores exemplos de paixão e de dedicação a um trabalho: Yara Maria Afonso, ou melhor, Dona Yara, que está na Gibiteca desde a sua fundação, há 18 anos.Dona Yara conhece melhor do que ninguém o acervo e conta com uma memória fotográfica para elencar aquilo que já existe e o que não existe mais nas prateleiras.
No bate-papo com Hugo Abud, coordenador da Gibiteca, e com Dona Yara descobrimos o quanto é complicado manter e ampliar a coleção, que tem como objetivo, pelas próprias palavras de Hugo: "não só conter um acervo, mas ser também uma referência em quadrinhos".
Obra de Arte e Administração
As Histórias em Quadrinhos são criações artísticas que seguem diversos padrões de estilo, desde romances, até estilos dadaístas (ou há alguma outra forma de poder definir, por exemplo, alguns dos mangás escritos pelos japoneses?!), assim, não é um exagero poder classificá-las como verdadeiras obras de arte, que comungam, ao mesmo tempo, roteiro e desenhos, não sendo simples livros ilustrados, mas, sim, uma arte que em muitos aspectos é criado com muito esmero, sendo representantes de um momento cultural datado, magníficos exemplos de como a cultura se desenvolve com o passar do tempo.
Agora, ter tudo isso à mão é uma responsabilidade sem tamanho. Imagine ter que catalogar todas essas obras de arte, sem ter parceria com editoras e sem a quantidade necessária de equipamentos de informática para administrar todo esse patrimônio? E, para nosso espanto, toda a coleção foi formada por doações. Isso mesmo, os quase 121 mil quadrinhos foram doados. Já na contramão disso tudo, conta com 7 funcionários dos mais dedicados para fazer funcionar a maior Gibiteca da América Latina, além da colaboração do diretor do Centro Cultural São Paulo, Martin Grossman.
O Grande Homenageado
Para termos uma noção do mundo existente na Gibiteca teremos que começar por Henfil, homenageado no nome da Gibiteca e que foi o maior expoente das histórias em quadrinhos no Brasil. Ele nasceu a 5 de fevereiro de 1944, em Riberão das Neves (MG) e faleceu dia 4 de janeiro de 1988 no Rio de Janeiro, aos 43 anos. Grande cartunista e quadrinista, foi colaborador de O Pasquim, em 1969. Em 1970 lançou a revista Os Fradinhos, seus personagens mais famosos e que possuem como marca registrada um desenho humorístico, crítico e satírico, sendo os personagens tipicamente brasileiros e que retratavam a situação nacional da época. Sua importância na História em Quadrinhos no Brasil se deve à renovação que trouxe ao desenho humorístico nacional. Henfil participou, ainda, em teatro, cinema, televisão e na literatura, tendo sido marcante sua atuação nos movimentos políticos e sociais do país. A Gibiteca Henfil disponibiliza para consulta a coleção completa dos Fradins, os livros “A volta do Fradim”, “Diretas já”, “Isto era”, “Henfil na China”, “Fradim de libertação”, “Como se faz humor político” e exemplares do Pasquim. Possui também acervo para pesquisa sobre o Henfil, entre eles, um fanzine de autoria de José Eduardo Cimó, livros teóricos, recortes de jornais e folhetos.
Pelos Corredores
Entre nomes e definições fica a curiosidade: por que no Brasil chamamos as HQ´s de Gibi?
Isso se dá porque houve uma publicação, em 1939, denominada Gibi, que fazia um compilado de vários quadrinistas e pelo resultado do sucesso desta revista é que, até hoje, entitulamos as Histórias em Quadrinhos de Gibis, inclusive até o local em questão leva gibi no nome.
Os gibis da época você também encontra por lá e algumas raridades podem ser vislumbradas na coleção da Gibiteca, como, por exemplo, a primeira história em quadrinho brasileira: O TICO-TICO (1905 em fac-símile) e a preciosa edição número 1 da Turma da Mônica, autografada por seu criador, Maurício de Sousa, que confessou não possuir esse exemplar, tendo em sua biblioteca pessoal apenas uma cópia montada por sua equipe recentemente. Além disso, o local possui também o Tarzan desenhado por Hal Forster, o número um da revista Super-homem no Brasil, o número um da revista Tex, além de peças mais contemporâneas como Palestina: Na faixa de gaza e Área de Segurança: Gorazde de Joe Sacco , Sandman de Neil Gaiman (eles tem uma autografada pelo próprio), Calvin e Haroldo de Bill Watterson, Mafalda de Quino e Tintim de Hergé.
Há também uma parte dedicada ao fanzine, neste espaço que possui hoje 3.100 exemplares podemos ver peças raras, como A Boca e Balão, que revelou figuras como Paulo Caruso, Luis Gê, Angeli e Laerte. Hugo nos revelou que existe a intenção de fazer uma exposição, prevista para outubro deste ano, sobre quadrinho marginal, algo especial para os novos nomes do quadrinho brasileiro e para conhecer a história daqueles que começaram por essa vertente.
Há histórias pitorescas como o do famoso quadrinista Lourenço Mutarelli, que frenquentava a Gibiteca e conheceu a sua esposa por lá; ou as várias exposições onde se fizerem presentes gente hoje muito famosa como Angeli, Laerte, Maurício de Sousa e muitos outros.
Para o Futuro
Alguns pontos foram tocados por Hugo, que na verdade, ele colocou como metas para o futuro da Gibiteca, que vamos listar aqui, até porque gostaríamos muito que a sociedade pudesse colaborar com o cumprimento desses objetivos:
1º Resgatar o público e divulgar o novo espaço;
2º Retomar os eventos;
3º Informatização a catalogação do administrativo da Gibiteca;
4º Enviar um projeto para digitalizar parte do acervo;
5º Criar parcerias com editoras, inclusive para lançamentos de novas edições.
Considerando a qualidade desse Oásis e das pessoas que fazem as engrenagens funcionarem, esses objetivos já foram alcançados.
Se quiserem ver nossa galeria de fotos da Gibiteca é só entrar aqui
Bate-Papo Inicial
Reaberta a visitação há menos dois meses, a Gibiteca recebeu nossa visita, e, para nossa grata surpresa, nos deparamos com um dos maiores exemplos de paixão e de dedicação a um trabalho: Yara Maria Afonso, ou melhor, Dona Yara, que está na Gibiteca desde a sua fundação, há 18 anos.Dona Yara conhece melhor do que ninguém o acervo e conta com uma memória fotográfica para elencar aquilo que já existe e o que não existe mais nas prateleiras.
No bate-papo com Hugo Abud, coordenador da Gibiteca, e com Dona Yara descobrimos o quanto é complicado manter e ampliar a coleção, que tem como objetivo, pelas próprias palavras de Hugo: "não só conter um acervo, mas ser também uma referência em quadrinhos".
Obra de Arte e Administração
As Histórias em Quadrinhos são criações artísticas que seguem diversos padrões de estilo, desde romances, até estilos dadaístas (ou há alguma outra forma de poder definir, por exemplo, alguns dos mangás escritos pelos japoneses?!), assim, não é um exagero poder classificá-las como verdadeiras obras de arte, que comungam, ao mesmo tempo, roteiro e desenhos, não sendo simples livros ilustrados, mas, sim, uma arte que em muitos aspectos é criado com muito esmero, sendo representantes de um momento cultural datado, magníficos exemplos de como a cultura se desenvolve com o passar do tempo.
Agora, ter tudo isso à mão é uma responsabilidade sem tamanho. Imagine ter que catalogar todas essas obras de arte, sem ter parceria com editoras e sem a quantidade necessária de equipamentos de informática para administrar todo esse patrimônio? E, para nosso espanto, toda a coleção foi formada por doações. Isso mesmo, os quase 121 mil quadrinhos foram doados. Já na contramão disso tudo, conta com 7 funcionários dos mais dedicados para fazer funcionar a maior Gibiteca da América Latina, além da colaboração do diretor do Centro Cultural São Paulo, Martin Grossman.
O Grande Homenageado
Para termos uma noção do mundo existente na Gibiteca teremos que começar por Henfil, homenageado no nome da Gibiteca e que foi o maior expoente das histórias em quadrinhos no Brasil. Ele nasceu a 5 de fevereiro de 1944, em Riberão das Neves (MG) e faleceu dia 4 de janeiro de 1988 no Rio de Janeiro, aos 43 anos. Grande cartunista e quadrinista, foi colaborador de O Pasquim, em 1969. Em 1970 lançou a revista Os Fradinhos, seus personagens mais famosos e que possuem como marca registrada um desenho humorístico, crítico e satírico, sendo os personagens tipicamente brasileiros e que retratavam a situação nacional da época. Sua importância na História em Quadrinhos no Brasil se deve à renovação que trouxe ao desenho humorístico nacional. Henfil participou, ainda, em teatro, cinema, televisão e na literatura, tendo sido marcante sua atuação nos movimentos políticos e sociais do país. A Gibiteca Henfil disponibiliza para consulta a coleção completa dos Fradins, os livros “A volta do Fradim”, “Diretas já”, “Isto era”, “Henfil na China”, “Fradim de libertação”, “Como se faz humor político” e exemplares do Pasquim. Possui também acervo para pesquisa sobre o Henfil, entre eles, um fanzine de autoria de José Eduardo Cimó, livros teóricos, recortes de jornais e folhetos.
Pelos Corredores
Entre nomes e definições fica a curiosidade: por que no Brasil chamamos as HQ´s de Gibi?
Isso se dá porque houve uma publicação, em 1939, denominada Gibi, que fazia um compilado de vários quadrinistas e pelo resultado do sucesso desta revista é que, até hoje, entitulamos as Histórias em Quadrinhos de Gibis, inclusive até o local em questão leva gibi no nome.
Os gibis da época você também encontra por lá e algumas raridades podem ser vislumbradas na coleção da Gibiteca, como, por exemplo, a primeira história em quadrinho brasileira: O TICO-TICO (1905 em fac-símile) e a preciosa edição número 1 da Turma da Mônica, autografada por seu criador, Maurício de Sousa, que confessou não possuir esse exemplar, tendo em sua biblioteca pessoal apenas uma cópia montada por sua equipe recentemente. Além disso, o local possui também o Tarzan desenhado por Hal Forster, o número um da revista Super-homem no Brasil, o número um da revista Tex, além de peças mais contemporâneas como Palestina: Na faixa de gaza e Área de Segurança: Gorazde de Joe Sacco , Sandman de Neil Gaiman (eles tem uma autografada pelo próprio), Calvin e Haroldo de Bill Watterson, Mafalda de Quino e Tintim de Hergé.
Há também uma parte dedicada ao fanzine, neste espaço que possui hoje 3.100 exemplares podemos ver peças raras, como A Boca e Balão, que revelou figuras como Paulo Caruso, Luis Gê, Angeli e Laerte. Hugo nos revelou que existe a intenção de fazer uma exposição, prevista para outubro deste ano, sobre quadrinho marginal, algo especial para os novos nomes do quadrinho brasileiro e para conhecer a história daqueles que começaram por essa vertente.
Há histórias pitorescas como o do famoso quadrinista Lourenço Mutarelli, que frenquentava a Gibiteca e conheceu a sua esposa por lá; ou as várias exposições onde se fizerem presentes gente hoje muito famosa como Angeli, Laerte, Maurício de Sousa e muitos outros.
Para o Futuro
Alguns pontos foram tocados por Hugo, que na verdade, ele colocou como metas para o futuro da Gibiteca, que vamos listar aqui, até porque gostaríamos muito que a sociedade pudesse colaborar com o cumprimento desses objetivos:
1º Resgatar o público e divulgar o novo espaço;
2º Retomar os eventos;
3º Informatização a catalogação do administrativo da Gibiteca;
4º Enviar um projeto para digitalizar parte do acervo;
5º Criar parcerias com editoras, inclusive para lançamentos de novas edições.
Considerando a qualidade desse Oásis e das pessoas que fazem as engrenagens funcionarem, esses objetivos já foram alcançados.
Se quiserem ver nossa galeria de fotos da Gibiteca é só entrar aqui
3 comentários:
Muito legal a matéria. Só uma correção, o nome do autor é Mauricio de Sousa e não "de Souza", como grafado.
Valeu Guilherme!
É uma honra ter vc, do Universo HQ, lendo nossa matéria!
Espero que leia o restante do conteúdo do Blog e que também goste!
Grande Abraço,
Incrível!! Muito boa essa reportagem!
O Maurício de Sousa não tem o número 1 da Mônica?? Meu deus..
Parabéns, meninos!
Beijos
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