O Brasil vive sob um estigma de que seu povo é um dos mais dóceis e amáveis por natureza. Não tenho certeza sobre quem foi o primeiro a nos rotular com esses epítetos, se Gilberto Freyre ou outro intelectual de renome. Parece-me também que a carta de Caminha informa ao rei sobre a tranquilidade aparente de nossos índios. No entanto, as manifestações pessoais, coletivas e midiáticas sobre o caso da menina Isabela – curiosa a vinculação do adjetivo “menina” antes do nome. Seria essa prática tão comum uma forma de causar maior furor e comoção geral? – denotam uma faceta oculta de nossa sociedade, de nosso país: a tristeza, a depressão, a melancolia.
Se, de um lado, o luto pela morte de uma criança tão jovem é uma forma de a sociedade se recompor do choque, há, por outro, um espetáculo medonho de notícias incessantes com minúcias torpes sobre a morte da menina (veiculadas até durante intervalo do jogo Ponte Preta e Palmeiras), e de pessoas exaltadas, com os olhos colados em frente ao televisor, ávidas para saber de mais detalhes que – pensam – têm alguma importância para suas vidas. Trocando em miúdos, abundam moscas ao redor da merda.
Será que o brasileiro é tão amável e feliz como se pinta por aí? Um dos sintomas da depressão é justamente remoer as angústias, os motivos que fazem o deprimido sofrer. No caso, a sociedade está em luto. E agindo como uma pessoa doente, esmiuçando detalhes da morte (ou do assassinato), discutindo sobre a inocência, a pureza da menina, trazendo dor a si mesma. Conforme essa tristeza se faz viva, torna-se pertinente a questão proposta desse post: o brasileiro é realmente feliz? Chorar a perda de uma pessoa querida é algo necessário para espantar a dor, mas cutucar a ferida a todo momento e ser feliz com isso é, talvez, doentio. Mas como a sociedade está chafurdada de seus valores tortos, tudo continua como sempre foi. Como diria Lennon, Happiness is a warm gun.
Se, de um lado, o luto pela morte de uma criança tão jovem é uma forma de a sociedade se recompor do choque, há, por outro, um espetáculo medonho de notícias incessantes com minúcias torpes sobre a morte da menina (veiculadas até durante intervalo do jogo Ponte Preta e Palmeiras), e de pessoas exaltadas, com os olhos colados em frente ao televisor, ávidas para saber de mais detalhes que – pensam – têm alguma importância para suas vidas. Trocando em miúdos, abundam moscas ao redor da merda.
Será que o brasileiro é tão amável e feliz como se pinta por aí? Um dos sintomas da depressão é justamente remoer as angústias, os motivos que fazem o deprimido sofrer. No caso, a sociedade está em luto. E agindo como uma pessoa doente, esmiuçando detalhes da morte (ou do assassinato), discutindo sobre a inocência, a pureza da menina, trazendo dor a si mesma. Conforme essa tristeza se faz viva, torna-se pertinente a questão proposta desse post: o brasileiro é realmente feliz? Chorar a perda de uma pessoa querida é algo necessário para espantar a dor, mas cutucar a ferida a todo momento e ser feliz com isso é, talvez, doentio. Mas como a sociedade está chafurdada de seus valores tortos, tudo continua como sempre foi. Como diria Lennon, Happiness is a warm gun.
Um comentário:
Eu adoraria ser o mata mosca!
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