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quarta-feira, 14 de maio de 2008

Quando a Vela apagar...

Já se passaram 50 anos desde que o “poetinha” Vinícius de Moraes, soltou a incongruente afirmação de que “São Paulo é o túmulo do samba”. Quem sou eu para contestar Vinícius, mas desde aqueles tempos eu acredito que ele estava equivocado. Veja bem “equivocado”, pois já nos anos 50 tínhamos compositores de primeira categoria, cordões carnavalescos e escolas de samba férteis não só em seus sambistas, mas nos seus sambas. Claro que nada se compara ao Rio de Janeiro daqueles tempos, mas nada que também possa desprezar os sambas que aqui nasceram e ainda hoje sobrevivem.


E para contrariar um dos poetas mais respeitados da música brasileira, hoje podemos estufar o peito e dizer que esta frase de Vinícius é que está enterrada.


Uma prova disso é o Samba da Vela.

A origem da Comunidade Samba da Vela é quase um poema. Melhor, é digna de enredo de escola de samba. Surgiu por iniciativa quatro jovens compositores da periferia de São Paulo, munidos de cavaquinho, pandeiro, tamborim e muita força na voz, que se reuniram no bairro de Santo Amaro, Zona Sul de São Paulo, para cantar seus próprios sambas e abrir a roda para que novos compositores pudessem apresentar suas criações também.


Aos poucos, mais amigos se juntaram ao grupo e a empolgação, que durava toda a madrugada. Não demorou muito para ganhar um novo protagonista: a vela. Colocada no centro da roda, ela funciona como um relógio, e dita os rumos do encontro, daí o nome do grupo. Enquanto o pavio queima, sambas inéditos são apresentados, mas, quando a vela apaga, o silêncio toma conta do lugar e todos encerram a mostra de sambas.


O conceito desse projeto segue os passos dos sambistas do passado como Candeia, por exemplo, e ajuda a formar idéias, cultura e arte. Tá certo que o samba tem a cara do Rio de Janeiro. No entanto, apesar de todo o glamour do samba carioca, o samba paulista tem sua importância e valor, é por isso que O Samba da Vela, Quinteto Branco e Preto, Eduardo Gudin, Geraldo Filme, Adoniram entre outros merecem nosso total respeito.


Quando a vela se apagar e o samba terminar
Saudade não me deixe ir embora
Meu peito vazio implora
Que uma luz me ilumine agora!
Chora, chora
A comunidade chora, a comunidade chora

A Comunidade Chora
Compositores: Magnu Sousá/Maurílio de Oliveira/Edvaldo Galdino



3 comentários:

Ricardo Moreira Leite disse...

Ah o Samba da Vela. Já fiz matéria com eles. São fenomenais!

Eu posso afirmar que se não existisse o Rio de Janeiro, São Paulo seria a capital do samba!

Ronaldo Junior disse...

Bora, fazê um samba de vela, só que a nossa será de sete dias...

Nathalya Buracoff disse...

De 7 dias? Então a vela é do tamanho da Narinha....rs..