Está nos cinemas o documentário "Simonal, Ninguém Sabe o Duro que Dei", dirigido por Claudio Manoel , Micael Langer e Calvito Leal, uma obra belíssima do cinema brasileiro documental que relembra os grandes sucessos do músico, seu sucesso e popularidade, sua triste derrocada rumo à amargura do ostracismo e a consequente repulsa da qual foi vítima.
Assisti ao filme no Projeto Folha Documenta, no Cine Bombril. Na heterogênea plateia estavam presentes jovens que, assim como eu, provavelmente só ouviram falar de Simonal após o sucesso dos filhos do cantor, Max de Castro e Wilson Simoninha. Haviam também senhoras que gastaram a sola nos bailinhos embaladas pelas canções dele. Eu não conhecia metade da vida do Simonal e fiquei boquiaberta com o primor que os diretores tiveram para colher os depoimentos e contar uma história tão envolvente quanto polêmica.
O filme é claramente dividido em duas partes. A primeira conta como o cantor se transformou na maior voz da música brasileira, rivalizando com Roberto Carlos, mostra o sucesso de seu programa na Record, Show em Si...monal, e retrata a adoração do público que fez o cantor ser vislumbrado pelo sucesso. Já a segunda mostra sua queda rumo ao esquecimento.
Afinal, um negro, pobre, filho de empregada doméstica e ex-cabo do Exército se transformou em um dos maiores cantores e apresentadores de tv nos anos 60, sua influência e talento ultrapassou a esfera nacional e o cantor chegou a dividir com a diva do jazz Sarah Vaughanah a canção “The shadow of your smile" (pena que no Youtube não tem o selinho entre os dois retratado no filme).
Simonal era um negro, filho de empregada doméstica, que ganhou status e virou um bon vivant, degustava dos prazeres da vida e só queria saber de “Alegria, alegria!”. Em uma época de rivalidades ideológicas, o cantor não tomava partido contra ou a favor da ditadura. Por ser imparcial, era odiado pela direita ao deixar de combater os comunistas, e pela esquerda por cantar o “País Tropical”, de Jorge Ben e não se rebelar contra o governo, o sucesso de Simonal era traduzido como o ópio do povo. Entretanto, ele pagou um preço alto por ter tanto sucesso.
Assisti ao filme no Projeto Folha Documenta, no Cine Bombril. Na heterogênea plateia estavam presentes jovens que, assim como eu, provavelmente só ouviram falar de Simonal após o sucesso dos filhos do cantor, Max de Castro e Wilson Simoninha. Haviam também senhoras que gastaram a sola nos bailinhos embaladas pelas canções dele. Eu não conhecia metade da vida do Simonal e fiquei boquiaberta com o primor que os diretores tiveram para colher os depoimentos e contar uma história tão envolvente quanto polêmica.
O filme é claramente dividido em duas partes. A primeira conta como o cantor se transformou na maior voz da música brasileira, rivalizando com Roberto Carlos, mostra o sucesso de seu programa na Record, Show em Si...monal, e retrata a adoração do público que fez o cantor ser vislumbrado pelo sucesso. Já a segunda mostra sua queda rumo ao esquecimento.
Afinal, um negro, pobre, filho de empregada doméstica e ex-cabo do Exército se transformou em um dos maiores cantores e apresentadores de tv nos anos 60, sua influência e talento ultrapassou a esfera nacional e o cantor chegou a dividir com a diva do jazz Sarah Vaughanah a canção “The shadow of your smile" (pena que no Youtube não tem o selinho entre os dois retratado no filme).
Simonal era um negro, filho de empregada doméstica, que ganhou status e virou um bon vivant, degustava dos prazeres da vida e só queria saber de “Alegria, alegria!”. Em uma época de rivalidades ideológicas, o cantor não tomava partido contra ou a favor da ditadura. Por ser imparcial, era odiado pela direita ao deixar de combater os comunistas, e pela esquerda por cantar o “País Tropical”, de Jorge Ben e não se rebelar contra o governo, o sucesso de Simonal era traduzido como o ópio do povo. Entretanto, ele pagou um preço alto por ter tanto sucesso.
Dura pena
O tormento de Simonal começa quando o cantor afirma ter sido roubado pelo seu contador Raphael Viviani e convida uns amigos para dar uma lição neste cara. O problema é que esses amigos eram do Dops. O grande diferencial do filme é que retrata o depoimento do próprio Viviani que conta, tardiamente, o seu lado da história. Quando levado para a delegacia acusado de ter sequestrado e torturado Viviani, Simonal fez uso da malandragem e comete o erro de dizer que atuava ao lado do governo. Então, a mídia e a classe artística tiveram um prato cheio para destruir o maior ícone da atual MPB.
Nesta hora, por não ter um círculo de amigos musicais influentes, como os integrantes da Tropicália, ele se viu sozinho e condenado ao esquecimento e o povo o abandonou ao ler as notícias de seu envolvimento com a mão de ferro da ditadura, publicadas pelo Pasquim de Ziraldo e Jaguar, (figuras que dão importantes depoimentos no filme). Para alguém tão acostumado com o sucesso, a partir daí começa a surgir a depressão, o alcoolismo e a overdose de ostracismo, que culminou no seu falecimento, em 25 de junho de 2000, aos 62 anos, por conta de uma doença hepática crônica.
O duro que eles deram
O documentário revira histórias polêmicas, mas fica longe de ser uma defesa de Simonal. O filme dança com o espectador, levando-o de um lado ao outro da história, sem tomar partido, deixando que o próprio público tire suas conclusões.
No debate do Cinebombril, o “casseta” estreiante na direção, Claudio Manoel relata as dificuldades percorridas na batalha para fazer o filme. Tanto é que o longa tem um patrocinador que preferiu ficar anônimo, graças a polêmica de Simonal. Isto retrata, como o cantor é mal visto até hoje.
Claudio Manoel acredita que, assim como o nazismo, as atrocidades cometidas durante o período ditatorial devem ser contatadas, sob pena de não voltarem a acontecer, porém o diretor afirma que Simonal pagou muito caro e por um crime que não cometeu. O diretor também chama atenção para o fato de que o caso Simonal ter sido a única denúncia de tortura do Dops imune das garras da censura e divulgada livremente pela imprensa durante o governo ditatorial. O incrível é que anistiamos gente que cometeu atos desumanos durante o regime, mas o fantasma de delator não saiu de Simonal até os dias de hoje.
Perdão tardio
Agora, o filme dá o pontapé inicial para o revival de Simonal. Em breve, o longa sairá em DVD, haverá dois livros sobre a vida do cantor e o relançamento da caixa "Wilson Simonal na Odeon: 1961-1971" pela EMI, que conta com um disco inédito.
O diretor Claudio Manoel , no blog do filme, “São mais de 6 anos de muita rala, suor, paixão, expectativas, apostas, dúvidas, etc e tal… e tudo vai ser decidido nesse próximo fim de semana”. Muita gente já compareceu engrossando a anistia tardia ao “Simona”, como a escritora Ivana Arruda Leite e eu confesso que, mesmo engrossando as estatísticas de desempregados deste país, pretendo seguir a dica do Sérgio Rizzo e deixar de lado Anjos e Demônios, de Ron Howard, e Desejo e Perigo, primeiro longa-metragem de Ang Lee depois de O Segredo de Brokeback Mountain, para prestigiar a obra novamente. E você, vai ficar de fora?
Nesta hora, por não ter um círculo de amigos musicais influentes, como os integrantes da Tropicália, ele se viu sozinho e condenado ao esquecimento e o povo o abandonou ao ler as notícias de seu envolvimento com a mão de ferro da ditadura, publicadas pelo Pasquim de Ziraldo e Jaguar, (figuras que dão importantes depoimentos no filme). Para alguém tão acostumado com o sucesso, a partir daí começa a surgir a depressão, o alcoolismo e a overdose de ostracismo, que culminou no seu falecimento, em 25 de junho de 2000, aos 62 anos, por conta de uma doença hepática crônica.
O duro que eles deram
O documentário revira histórias polêmicas, mas fica longe de ser uma defesa de Simonal. O filme dança com o espectador, levando-o de um lado ao outro da história, sem tomar partido, deixando que o próprio público tire suas conclusões.
No debate do Cinebombril, o “casseta” estreiante na direção, Claudio Manoel relata as dificuldades percorridas na batalha para fazer o filme. Tanto é que o longa tem um patrocinador que preferiu ficar anônimo, graças a polêmica de Simonal. Isto retrata, como o cantor é mal visto até hoje.
Claudio Manoel acredita que, assim como o nazismo, as atrocidades cometidas durante o período ditatorial devem ser contatadas, sob pena de não voltarem a acontecer, porém o diretor afirma que Simonal pagou muito caro e por um crime que não cometeu. O diretor também chama atenção para o fato de que o caso Simonal ter sido a única denúncia de tortura do Dops imune das garras da censura e divulgada livremente pela imprensa durante o governo ditatorial. O incrível é que anistiamos gente que cometeu atos desumanos durante o regime, mas o fantasma de delator não saiu de Simonal até os dias de hoje.
Perdão tardio
Agora, o filme dá o pontapé inicial para o revival de Simonal. Em breve, o longa sairá em DVD, haverá dois livros sobre a vida do cantor e o relançamento da caixa "Wilson Simonal na Odeon: 1961-1971" pela EMI, que conta com um disco inédito.
O diretor Claudio Manoel , no blog do filme, “São mais de 6 anos de muita rala, suor, paixão, expectativas, apostas, dúvidas, etc e tal… e tudo vai ser decidido nesse próximo fim de semana”. Muita gente já compareceu engrossando a anistia tardia ao “Simona”, como a escritora Ivana Arruda Leite e eu confesso que, mesmo engrossando as estatísticas de desempregados deste país, pretendo seguir a dica do Sérgio Rizzo e deixar de lado Anjos e Demônios, de Ron Howard, e Desejo e Perigo, primeiro longa-metragem de Ang Lee depois de O Segredo de Brokeback Mountain, para prestigiar a obra novamente. E você, vai ficar de fora?
3 comentários:
Texto de ótima qualidade. Deu mais vontade ainda de ver o filme.
"Nem vem com garfo que hoje é dia de sopa"
Muito bom o texto!!!
EXCELENTE TEXTO,POREM NADA DO QUE FOR ESCRITO OU DITO OU FILMADO RESGATARÁ O INESQUECIVEL PRAZER DE TER ASSISTIDO O MARACANAZINHO CHEIO NUMA NOITE EM QUE ANUNCIAVAM SERGIO MENDES COMO ATRAÇÃO PRINCIPAL E INTERNACIONAL E TODO EU ESCREVI TDO O PUBLICO CANTAR E VIBRAR COM WILSON SIMONAL,NÃO DEIXANDO ELE SAIR DO PALCO,E NÃO E QUE O SERGIO MENDES FICOU EM SEGUNDO PLANO,ESSE ERA O NOSSO MAIOR ONE MAN SHOW DANDO UM BAILE REGENDO TODA A PLATEIA,JAMAIS VI ALGO PARECIDO O MARACANAZINHO PARECIA UM VERDADEIRO DISCO VOADOR E NADA NOS INCOMODAVA,VIAJAMOS COM O SUINGUE E O CHARME DO MAIOR SHOW MAN DO BRASIL WILSON SIMONAL DE CASTRO.
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