Ser crítico de histórias em quadrinhos às vezes é uma tarefa difícil, mas em outras rende momentos prazerosos, sendo que um desses é poder falar justamente daquilo que mais se gosta, e, não por acaso, achei que em um momento e que as histórias em quadrinhos dos personagens que representam o mundos dos super heróis estarem passando por um momento um tanto confuso, é muito oportuno falar das obras primas que servem como referencia não só para nós, como que para o público em geral.
Marvels tem como um de seus maiores objetivos o de que não se pode vulgarizar o mito, muito pelo contrário, na maioria das vezes, herói tem que ser herói, pode ser que haja um momento mais intimista, sem combates, sem atos que afrontam o senso comum, sem grandes lances de moralidade. Se não há tais características em alguma história de super herói para que serviriam a sua existência?
Há mais ou menos 10 anos atrás foi lançada esta obra-prima dos quadrinhos, em um lance felicíssimo da já conhecida casa das idéias. Mas o aspecto que me leva a falar de Marvels é o que mais me motiva em quadrinhosde super heróis, que é a revitalização dos mitos que mantém viva a chamas do heroísmo, mas de um ponto de vista que até o hoje dia me parece pouco utilizado, pois do que seriam os super heróis se não tivessem bons coadjuvantes, e esse é a principal característica da obra, apesar de mitológica, é uma história basicamente calcada em coadjuvantes. Não é preciso nem falar que o roteiro é muito bom, mérito do competente Kurt Busiek (que é um dos melhores na nobre arte de escrever roteiros nos quadrinhos atualmente, ao lado do Grant Morrison, Garth Ennis e Brian Michael Bendis, em minha humilde opinião lógico), que sintetiza em uma única Graphic Novel toda a mitologia dos super heróis que fizeram a fama da Marvel, mas a pintura hiperrealista de Alex Ross dá o tom da obra, aonde se sobressai até as costuras do uniforme do Capitão América e as chamas do Tocha humana.
Mas o que me faz ressaltar a obra é o seu lirismo, sua classe, sem apelar para o grosseiro, com muitas referências pop (os Beatles no casamento de Red e Susan Richards é uma ótima sacada), é uma obra que é fácil de ler, sem pieguices ou contratempos. Está tudo lá, conflitos entre os heróis e os seres humanos, anti-heróis, preconceitos exacerbados (o lance da menina mutante é o mais marcante de toda a história) e o máximo de drama e heroísmo na visão de pessoas comuns, é como uma espécie de mea culpa, mas transmitida com qualidade.
A obra lançou para fama o grande Alex Ross, cuja arte, até agora, não tem concorrentes, mas sim alguns maus imitadores por assim dizer, seu estilo me lembra de certa maneira as obras do classicismo, com suas facetas realista, os ângulos cinematográficos (uma singela homenagem a Eisner), a utilização das cores, aliás, deve-se comentar que a história não inventa, mas reaquece a apreciação das figuras mitológicas, e de como estes personagens estão enraizados no nosso universo atual, pois não são os quadrinhos uma espécie de releitura das lendas mitológicas, mas com um toque de novo? Pois não eram os deuses os únicos capazes de realizar coisas incríveis e maravilhosas?
Leiam ou releiam Marvels e descubram as maravilhas, pessoalmente.
Dicas para ler no mês
Sargento Rock de Joe Kubert e Peter Carlsson: obra obrigatória, personagem marcante.
Halo Uprising 01: a história é fraca, mas tem Master chief, e desenhos marcantes do grandeee Alex Maleev, com roteiro meio capenga do grande Brian Michael Bendis, mas vale pelo inusitado.
O Pasquim 40 anos: obra mais que obrigatória, com Henfil e companhia.
Para o infinito e além...
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