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domingo, 31 de maio de 2009

LULUZINHA E A BUSCA DO TEMPO PERDIDO

Ao me deparar com um artigo do conhecido site Blog dos Quadrinhos, li que a personagem Luluzinha irá ganhar uma versão adolescente, afinal, ela só tem 8 anos, precisava envelhecer, como todo mundo. Tal notícia não trouxe nenhum fato novo, por aqui, nas vastas terras tupiniquins, a Turma da Mônica também ganhou uma versão adolescente, objetivando sabe lá o que diz esse departamento de pesquisas de opinião em atingir um grupo mais restrito, que cresceu, desenvolveu e largou a famosa turminha, e, talvez, deseja encontrar uma leitura mais de acordo com seus padrões, ler Mônica e Cebolinha com trinta ou quarenta anos fica meio que cafona, vai saber.Luluzinha (Litlle Lulu, em inglês) foi criada em 1935 pela cartunista Marjorie Henderson Buell, mais conhecida com Mairge, para o jornal The Saturday Evening Post, que cuidou dos traços e roteiro do personagem até 1945, quando a dupla Jonh Stanley e Inving Tripp passaram a cuidar da personagem, mudando o traço de seu desenho o que se deve pela modernização em que se passava na época, e cujo aspecto foi o que se adotou em sua famosa versão televisiva e perdura até os nossos dias.

Há muito tempo que eu estava querendo falar da Luluzinha, mas a notícia de seu pseudo-amadurecimento me possibilitou falar de dois aspectos: um, que eu já vinha pensando é claramente nostálgico, sim, eu era um fã da Turma da Luluzinha, adorava suas traquinagens, suas lendárias brigas com o não menos famoso Bolinha, que na verdade era apaixonado pela menina, ajudando-o a sair das mais diversas confusões . Mas o aspecto que me chama mais a atenção é que a personagem é uma pioneira feminista. Não era comum, na época, haver personagens femininos protagonizando histórias, ainda mais, histórias em quadrinhos, salientando-se que a referida personagem foi criada por uma cartunista.

Há ainda o aspecto de haver uma competição, na maioria das histórias, entre meninos e meninas, o que, no futuro, veio a se chamar de guerra dos sexos (Camila Paglia deve estar roendo as unhas com tamanho disparate), sendo já lendário o famoso aviso que existia no clube dos meninos, o taxativo “MENINA NÃO ENTRA”. Era engraçado e até inovador para a época, e não deixa de ser curioso que o vestido da Luluzinha é vermelho, da mesma cor do vestido da Mônica, bem, como poderia dizer alguém, nada se cria tudo se copia. Bem, pelo menos o sansão é exclusividade brasileira.

O outro aspecto que gostaria de falar é sobre a adaptação, ou deveria dizer, evolução dos mais diversos personagens para a época em que ele vive, bagunçando a cabeça de quem era fã de uma época, como eu poderia dizer mais antiga, para o público mais contemporâneo, oriundo de uma cultura derivada em pesquisas na internet e muitos fast foods. Bem, na minha modesta opinião e da maioria dos críticos que eu leio, tal adaptação é realizada de forma irresponsável, pela maioria dos editores, que pensam mais em seus bolsos ou nas suas opiniões pessoais do que no público que eles julgam como idiota, ou você acha que um leitor normal poderia compreender as mais diversas transformações por que passam os personagens, se você acha normal de uma lida em, por exemplo, no Homem Aranha, da Marvel, putz, até separam o personagem da esposa. E o Super-homem então? O personagem até casou, só esta faltando agora ter filhos (esqueçam o filme).

Não que eu seja contra as tais “atualizações”, mas considero que estas devem ser feitas com responsabilidade e muito cuidado, haja vista ser uma campo movediço, com enorme margem para o fracasso, e, se bem feitas, é lógico que serão muito bem vindas ( o Capitão América que era publicado nos anos 60 era um horror). A própria Marvel tem tentado realizar uma releitura de seus personagens, criando o universo Ultimate. É uma experiência legal, que foi bem sucedida com o Homem Aranha e a versão Ultimate dos Vingadores conhecida como Supremos, cuja as histórias publicadas nos dois primeiros anos já se tornaram clássicas, uma verdadeira antologia crítica ao sistema político norte americano, mas não vou estragar a surpresa, é melhor que o leitor de uma olhada.

Voltando ao tema que iniciou minha argumentação, modernização da personagem Luluzinha é até tardia, mas vem de encontro com o que as editoras estão produzindo nos últimos tempos. E não deixa de ter um aspecto naturalmente nostálgico e legal, estou curioso para saber como será o aspecto do Bolinha e do resto da turma. Bem, parece-me que a Turma da Mônica não encontrou nenhuma resistência por aqui, sendo até muito bem aceita.

Esses aspectos acima alinhavados me fazem recordar de uma das muitas frases da obra, composta em sete livros, do Marcel Prost, que é Em Busca do Tempo Perdido, que cunhou a seguinte observação:: “Acontece com a velhice o mesmo que com a morte. Alguns enfrentam-nas com indiferença, não porque tenham mais coragem do que os outros, mas porque têm menos imaginação”.

Para o infinito e além...

2 comentários:

Nathalya Buracoff disse...

Ótimo post!!
Saudade da época em que eu era assinante da Turma da Mônica e passava as férias colorindo meu Almanacão!
E saudade de quando os personagens infantis eram crianças...

Sandra SILVA disse...

Olha carlos minha filha tem 5 anos e adora a luluzinha exatamente como ela é.... rsta saber se ela vai curtir uma luluzinha moderna, rsrsr. Adorei seu texto e o som.... viva a eldorado !