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terça-feira, 28 de julho de 2009

Vale a pena o Vale-Cultura?

Você já deve ter ido ao restaurante na hora do seu almoço e pago com seu ticket refeição, ou até mesmo ido ao supermercado e pago com seu ticket alimentação. O Governo Lula pretende implantar um novo ticket para os cidadãos, será o Vale-Cultura. Mas será que vale a pena?

Para analisarmos isso de uma forma mais simples, vamos estipular uma comparação: imagine que a internet fosse criada hoje, com toda a modernidade possível, com todos os recursos que já temos, e toda a população jamais tivesse tido contato com ela, e de repente a internet é disponibilizada para TODOS.

O que teríamos seria um bocado de gente tentando entender do que se trata, sem saber como usar, e muito provavelmente a grande maioria estaria utilizando de maneira errada este recurso. Pois bem, ai você me pergunta: o que isso tem a ver com o vale-cultura? e eu te respondo: tudo!

Isso porque, este programa pode estar disponibilizando a cultura para pessoas que não entendem a cultura como ela realmente é, desenvolvendo o intelecto e formando uma sociedade, e não quero passar aqui a imagem de que eu seja mais capacitado que qualquer outra pessoa que possa receber o auxílio, e na verdade o que eu quero dizer é antes de chegarmos a dispor ao público esse tipo de acesso, temos que primeiro prepará-los, com a educação de qualidade que o povo em sua totalidade merece.

Segundo o site do próprio Ministério da Cultura o Vale-Cultura funcionará assim:

"Trata-se de um cartão magnético, com saldo de até R$ 50,00 por mês a ser utilizado no consumo de bens e serviços culturais. As empresas que declaram Imposto de Renda com base no lucro real poderão aderir à iniciativa e posteriormente deduzir até 1% do imposto devido.
O Projeto de Lei que institui o Programa de Cultura do Trabalhador e cria o Vale-Cultura foi encaminhado ao Congresso Nacional por meio da Mensagem Presidencial nº 573, com pedido de tramitação em regime de urgência urgentíssima."


Fiquei indignado com duas coisas: primeiro a "urgência urgentíssima" que pra mim dá a impressão de fins eleitorais e em segundo lugar o próprio programa em si sugere uma troca infeliz, pois com esse dinheiro poderíamos incentivar a cultura de outra maneira: educando! Gilberto Dimenstein, ontem, em sua coluna para o Catraca Livre foi mais adiante e relatou que nós, contribuintes, pagaremos por isso!

E continuamos com o programa de assistencialismo do governo, onde diminui-se o valor das coisas cobrindo buracos ao invés de refazer a estrada. O bolsa-família é um exemplo onde o valor da dignidade é substituído pela assistência "dada" pelo governo, e que acaba gerando um papel que outros setores deveriam preencher, como o Ministério do Trabalho, incentivando a criação de postos de trabalho, colocando a disposição desta população empregos ao invés de entregar o dinheiro. Finalizando, o empresariado acaba tendo que tomar as mesmas medidas, quando oferece assistência médica, pois a saúde pública é deficitária ou quando oferecem vale alimentação, pois o salário é baixo pois paga os impostos atrelados a empregabilidade deste cidadão. Em outras palavras vivemos num país que cobre a cabeça e descobre os pés!

PS.: Coloco aqui, neste espaço, a minha opinião, talvez não seja de todos do blog.

3 comentários:

Unknown disse...

Muito bom o texto, concordo plenamente com você. Na minha opinião propiciar que as pessoas tenham maior acesso a cultura é uma boa, porém é preciso analisar o tema de uma maneira mais profunda como você fez. Urgente ungentíssima é a necessidade de melhorar a educação no Brasil.

Ricardo Mootley disse...

Pois é, com precariedade do nosso ensino público, seguindo a linha da implantação dos "vales", a urgência urgentissima seria o "vale-educação"..

Nathalya Buracoff disse...

Daqui a pouco vai ter o vale-oxigênio. Virá para melhorar a qualidade do ar no lugar do árduo trabalho de plantar árvores.