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quarta-feira, 15 de julho de 2009

Vini, Vidi, VIK

Os paulistanos têm até este domingo (19) para conferir a mostra VIK, do artista plástico e fotógrafo paulistano Vik Muniz, em cartaz desde 24 de abril, no MASP. A mostra traz 131 trabalhos realizados entre 1988 e 2008 e revela um panorama da produção do artista radicado em Nova Iorque há 25 anos.

foto: Ronaldo Junior (Homenagem a Vik Muniz)

Vik Muniz atraiu a atenção da comunidade artística internacional com fotografias de trabalhos realizados a partir de técnicas variadas e materiais inusitados - como a Mona Lisa feita de pasta de amendoim, o Che Guevara desenhado em geléia ou o retrato de Elizabeth Taylor montado a partir de centenas de pequenos diamantes.

Mas quem nunca desenhou no prato com ketchup? Ou, à espera de mais batata frita, não brincou de fazer smiles com mostarda? Todo mundo já seguiu a ideia do artista, mesmo sem grandes pretensões.

Pois bem, a originalidade de Vik Muniz está exatamente em levar às grandes galerias e museus algo diferente das obras conceituas que intimidam os visitantes. Ele mostra uma arte que, mesmo possuindo uma criação repleta de detalhes, é simples, criativa e de fácil compreensão pelos visitantes. Qualquer pessoa pode ser surpreendida pelas grandes obras do artista – e não é força da expressão, a mostra traz retratos de até 3 metros de altura. Quando esteve no Rio de Janeiro, a mostra reuniu um público heterogêneo formado por internos de instituições psiquiátricas, catadores de lixo, detentos de Bangu, jovens do Complexo do Alemão e da Cidade de Deus, assim como profissionais do mercado de arte e representantes da classe média carioca.

Os detalhes das obras de VIK foram ampliados de maneira que é possível reparar nos objetos encontrados no lixo que formam as fotografias da série Pictures of Garbage, feita com a colaboração dos catadores do Aterro Sanitário de Gramacho, no Rio de Janeiro, o maior da América Latina.

Segundo Vik, “Minha intenção inicial é conseguir uma reação física do espectador, atraí-lo, cativá-lo. A partir do momento em que consigo isso, posso comunicar a informação que quero passar. Meu sonho é mudar a forma elitista com a qual a arte é encarada. Não acredito na separação entre o popular e o inteligente, como se fossem coisas antagônicas.”

Um detalhe, que para alguns pode passar em branco, são as duas frases estampadas em letras garrafais nas paredes do MASP: “O cérebro não colhe idéias no canteiro do ócio. É, sobretudo, pela interação com o material, pelo trabalho, pelo esforço e, em última instância, pelo fracasso, que nós nutrimos nosso banco de idéias” e “Acredito que nem todas as pessoas sejam artistas, mas todas que desejarem ser possuem tudo o que o mundo tem a oferecer para que, um dia, elas se tornem. Se eu pude, qualquer um pode."

Sou muito ligada a frases e citações e acredito que as duas sentenças acima traduzem um pouco da história e da obra do artista. Aplicando na minha vida, vejo que os pequenos ensinamentos de Vik fazem sentido. Afinal, se não fosse pela repetição, por insistir em traduzir meu pequeno universo em forma de cultura, aqui neste blog, eu não teria porque escrever. E é justamente escrevendo, cada vez mais, que eu posso escrever cada vez melhor. O mundo está aí, cheio de arte, cultura e pessoas interessantes para trocar experiências de vida conosco e o conhecimento é uma questão de tato, entrar em contato, ou melhor, ComTatos.


Exposição ‘Vik’
Retrospectiva com 131 obras do artista plástico Vik Muniz
Realização e coordenação: Aprazível Edições e Arte – Leonel Kaz e Nigge Loddi
Patrocínio: Bradesco Seguros e Previdência
Exposição: de 24 de abril a 19 de julho
Horário de visitação: terça a domingo e feriados, das 11h às 18h; às quintas, das 11h às 20h.
Ingresso: Inteira – R$ 15,00, Estudantes - R$ 7,00, Menores de 10 anos e maiores de 60 anos – Gratuito
Às terças-feiras a entrada é gratuita.

Local: Museu de Arte de São Paulo – MASP
Endereço: Av. Paulista, 1578
Telefone: (11) 3251 5644
Classificação etária: livre
Estacionamento pago no local
Acesso a deficientes

Um comentário:

Ronaldo Junior disse...

Vi a entrevista dele no Jô, ele realmente é um cara diferenciado no mundo das artes!