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terça-feira, 1 de abril de 2008

Hasta la vista, Baby (Swarzenegger na veia)

Mudanças. Chegou a hora de mudanças. Mas leva tempo para se ter certeza disso. Até lá, sentimentos contraditórios tomam conta de seu corpo. Nervosismo, insegurança, medo, tesão, euforia, felicidade. Diante da dúvida, o que fazer? Ficar ou continuar? Chorar ou sorrir? Dizem os experts em qualidade de vida que a última coisa que se pode fazer em benefício próprio é acomodar com uma situação confortável. Com termos como “mundo competitivo” e “zona de conforto”, fazem a cabeça de milhares. Cá para nós, zona de conforto é puteiro com sofá. Como vovó já dizia, jacaré que pára de nadar morre afogado. E, quando se percebe que é chegada a hora da transformação, algumas coisas ficam para trás. E essa é a parte ruim das mudanças.

De todas as coisas que se aprende vivendo em uma selva, talvez a mais valiosa delas seja a segurança que os animais sentem quando estão em bando. Um rebanho de bois é capaz de afastar a mais destemida das onças. Os companheiros de blog e outros companheiros me farão uma falta danada. Mas sei que entendem quando algo precisa mudar. Terei que caçar sozinho, ou em outros rebanhos. O que acontece é que o muito que tenho em minha vida é pouco para minha fome. O ouro que fazia minha cabeça outrora não mais me sustenta. Eu não quero só comida, eu quero bebida, diversão e balé (Calma, Telma, eu não sou gay). Eu não quero só comida, eu quero a vida como a vida quer. Bem, Raul (mais uma vez, Tocaraul!!!!) explica melhor.



Eu devia estar contente
Porque eu tenho um emprego
Sou um dito cidadão respeitável
E ganho quatro mil cruzeiros
Por mês...

Eu devia agradecer ao Senhor
Por ter tido sucesso
Na vida como artista
Eu devia estar feliz
Porque consegui comprar
Um Corcel 73...

Eu devia estar alegre
E satisfeito
Por morar em Ipanema
Depois de ter passado
Fome por dois anos
Aqui na Cidade Maravilhosa...

Ah!
Eu devia estar sorrindo
E orgulhoso
Por ter finalmente vencido na vida
Mas eu acho isso uma grande piada
E um tanto quanto perigosa...

Eu devia estar contente
Por ter conseguido
Tudo o que eu quis
Mas confesso abestalhado
Que eu estou decepcionado...

Porque foi tão fácil conseguir
E agora eu me pergunto "e daí?"
Eu tenho uma porção
De coisas grandes prá conquistar
E eu não posso ficar aí parado...

Eu devia estar feliz pelo Senhor
Ter me concedido o domingo
Prá ir com a família
No Jardim Zoológico
Dar pipoca aos macacos...

Ah!
Mas que sujeito chato sou eu
Que não acha nada engraçado
Macaco, praia, carro
Jornal, tobogã
Eu acho tudo isso um saco...

É você olhar no espelho
Se sentir
Um grandessíssimo idiota
Saber que é humano
Ridículo, limitado
Que só usa dez por cento
De sua cabeça animal...

E você ainda acredita
Que é um doutor
Padre ou policial
Que está contribuindo
Com sua parte
Para o nosso belo
Quadro social...

Eu que não me sento
No trono de um apartamento
Com a boca escancarada
Cheia de dentes
Esperando a morte chegar...

Porque longe das cercas
Embandeiradas
Que separam quintais
No cume calmo
Do meu olho que vê
Assenta a sombra sonora
De um disco voador...

Ah!
Eu que não me sento
No trono de um apartamento
Com a boca escancarada
Cheia de dentes
Esperando a morte chegar...

Porque longe das cercas
Embandeiradas
Que separam quintais
No cume calmo
Do meu olho que vê
Assenta a sombra sonora
De um disco voador...




Um comentário:

Nathalya Buracoff disse...

É, Al Capone, vê se te orienta.
Assim, dessa maneira, nego, Chicago não aguenta.