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segunda-feira, 10 de março de 2008

Ilustre Ação

Entre mutantes e meta-humanos, mocinhos e bandidos, milhares de pessoas visitaram a 14º Fest Comix que aconteceu entre 07, 08 e 09 de março. Muita coisa boa fazia parte do cardápio, quadrinhos com preços em baixa, coleções de réplicas, filmes, entre outros. Eram mais de 200 mil revistas em oferta no maior evento brasileiro de quadrinhos e mangás.

Fãs de quadrinhos, fanzines, miniaturas e adeptos da cultura urbana tiveram um programa perfeito neste final de semana. Entre os itens você podia encontrar camisetas com ícones da cultura pop, quadrinhos de diversas editoras, lojas de miniaturas, estandes de escolas de ilustração, acessórios como chaveiros, livros que ensinam japonês através de revistas em quadrinhos e até fanzines independentes ambientados na Avenida Paulista (cartão postal localizado na rua de trás da feira).

A produção de quadrinhos nacionais merece destaque. Em um bate-papo com o roteirista de um belo trabalho chamado CÃO, Harriot Jr nos falou sobre a dificuldade para levar o Cão aos céus, ou seja, bancar o trabalho e fazer a própria divulgação até ganhar seu público e vendê-lo junto com a obra para uma editora. Para ele o importante é mostrar o trabalho, bancar uma gráfica, imprimir um fanzine e divulgar os desenhos, as idéias, e assim ganhar espaço no mercado.

O Cão, obra da qual Harriot é roteirista, foi influenciado por filmes como Blade Runner e Duna. A história é ambientada em São Paulo e trata da invasão da cidade por zumbis. Segundo Hervilha, um dos ilustradores da revista, o quadrinho, o Cão, tem fácil identificação com o público, não só pelos desenhos, mas também pela história, que consegue aproximar o leitor devido à localização. Na trama um grupo de ilustradores vende a revista na rua de trás da Fest Comix, a Avenida Paulista, quando são surpreendidos por um ataque de zumbis, fato que deixa claro o uso da metalinguagem.

Ambientar as histórias com cenários que já existentes na mentes dos leitores é um trunfo, pois cria uma identificação logo no começo da história.

O ilustrador Hervilha também comenta sobre as influências para desenvolver a história. Para ele assistir a filmes e ler, no caso obras clássicas da literatura mundial, como Admirável Mundo Novo, ajuda no processo de criação das histórias e no desenvolvimento de repertório.

Aqui o cinema ganha destaque. Para Harriot , o quadrinho é como o cinema, mas sem o recurso de som. Enquanto nas telas os criadores levam dois meses para filmar uma seqüência de ação com efeitos especiais visuais, nos quadrinhos a ilustração pode levar dois dias para ficar pronta. O desenho ainda tem a característica de estimular a imaginação do leitor.

Esse talento de mexer com imaginário é o que diferencia o ilustrador do quadrinista. Não se trata apenas de ter talento com lápis e papel. O quadrinista tem que saber como contar uma história. Harriot indaga, se num primeiro quadro aparece uma pessoa com um punhal e no quadro seguinte tem alguém no chão ensangüentado, quem matou o personagem?

O leitor. O leitor imagina os atos induzidos pelo roteiro. O quadrinista não precisa desenhar todos os gestos de uma ação, ele está contando uma história para alguém que está vendo, junto com ele os fatos.

Provavelmente por isso os quadrinhos nacionais vêm ganhando tantos fãs. No mercado estão disponíveis histórias com personagens que ganham a identificação fácil dos leitores, com características e comportamentos nacionais, conquistando a simpatia dos leitores.

Hoje o mercado dos quadrinhos é bem democrático, com opções de leitura para todos os gostos, e boa parte deles pode ser encontrado na Fest Comics. Entre as obras mais vendidos da feira, a série Sandman lidera, no topo do ranking, seguida da coleção de Os Maiores Super-Heróis do Mundo, do famoso ilustrador Alex Ross. Em terceiro vinha Persépolis da roteirista Marjane Satrapi e depois Watchmen, com o roteiro do talentoso Alan Moore.
Entre as réplicas, segundo o Giovani do estande da Bugigangas, temos duas tendências: Star Wars e Final Fantasy. Tínhamos também opções de Os Simpsons, Carros (Disney), Noiva Cadáver, Super-Heróis Marvel e DC, senhor dos anéis, piratas do caribe e muito mais.

Depois de passear pelas gôndolas e estandes cheguei a conclusão de era a hora de irmos as compras, encontrei uma bela edição de Calvin e Haroldo, os vingadores e a liga da justiça e um pac do Hellblazer. Meu consumismo aflorou.

E Enquanto rondava pelos corredores ia falando com gente, que como eu, estava à procura de diversão em pequenos quadros, cultura nos mais diferentes estilos que faz com que pessoas mantenham o Comtato. FIM!

Texto escrito a 4 mãos Nathalya Buracoff e Ronaldo Junior.
Fotos de Ronaldo Junior

2 comentários:

Ricardo Moreira Leite disse...

Pena que fui viajar, senão teria ido.

Tinha quadrinhos do Tintin?

abs

Nathalya Buracoff disse...

Também achei a feira incrível!!!